De um tempo nada fictício, mas com amizade real

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Aqui imagens de um passado de uma turma da Vila Maria que se juntava para beber, cantar, tocar, debater e, principalmente, jogar conversa fora no Bar do Carlito, Praça Santo Eduardo. Na gravação da TV Cultura para o programa “Vila dos meus amores”, José Carlos Guerreiro (Guerrinha) toca e canta Fictício, música sua com Pedro Lula. Nas performances, grandes figuras como os próprios Guerrinha e Pedro Lua, Nilsão, João Marques, Oswaldinho e o saudoso Márcio Maroto.
Não precisa dizer que a turma do blog é amiga, viveu e bebeu nesta turma.

Ficticio




(José Carlos Guerreiro, Pedro Lua)

Peguei um trem
Para o além
E tinha alguém
Num canto calado tinha
Que eu fiquei ali não minha
Sem saber o que falar

Fiz o que fiz
Como se diz
Via de regra
Se levava um papo brega
Ou se dizia um prego prega
Para o silêncio quebrar

Nisso porém
Entrou alguém
Como se fosse
Soprado de um vento forte
Que veio do lado norte
Tirando o trem do lugar

Pedindo um bis
Todo feliz
O cara quieto
Que punk cuspiu no teto
Meio torto e meio reto
Começou a ali gritar

É Ficticio

Do que ouvi
Compreendi
Pelo que vi
No jeito daquele cara
Que era uma peça rara
Botando fogo no ar

Falando A
Falando B
Veja você
Que quanto mais se falava
Mais o fogo ali pegava
E mais botava pra quebrar

Pensei então
Situação
Igual a essa
Tem que se pensar depressa
Se eu não vou sair mais dessa
Onde é que isso vai dar

Deu no que deu
Aconteceu
Bateu no peito
O cara pegou de jeito
Que todos com grande efeito
Começaram a gritar

É Fictício

Eu quase pirei
No papo do comício
Eu quase pirei
Eu bem que avisei
É bom parar com isso
Eu vou sair do trem
Nego falou que tudo bem
Mas eu falei é Ficticio

Vim pra real
Com seu banal
Matando gente
Sufocando sonhos quentes
Fervorosos evidentes
Quando um fato me ocorreu

Eu creio eu cri
Biribibi
Tava sem bóia
No lago da paranoia
E a grande cobra gibóia
É quem queria engolir eu

No fundo breu
Fenomenal
A fome a morte
Neguinho jogado à sorte
Como gado para o corte
Pedindo ajuda a Deus

Onde se viu
Tanto imbecil
Caçando mosca
Levando uma vida tosca
Parafusando sem rosca
E uma voz me respondeu

É Ficticio meu… Não acredite

Pensando assim
Pergunto a mim
O que se leva
Do vexame que nos lava
Do homem com sua clava
Pra no que até hoje deu

Tanta ambição
No coração
Que a tudo amarga
Se espalhando como praga
Destruindo a tudo estraga
Poucos têm o que é seu

Será que é
Querequequé
O fim da terra
Do lobo do homem fera
Explodindo na miséria
Que enfim nos corroeu?

Falô valeu
Do que ocorreu
Até agora
Fica a lágrima que chora
Meu senhor minha senhora
Acho que Deus respondeu

É Ficticio meu
Não acredite

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