Por José Carlos Asbeg, jornalista e cineasta
Todos os que hipocritamente apoiaram o estupro da justiça brasileira na perseguição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a começar pela farsa do tal ‘domínio do fato’.
Todos e todas os e as jornalistas que criminosamente vazaram acusações infundadas contra o presidente Lula no linchamento a que foi submetido pela chamada Lava Jato, sem se dar ao mínimo e decente trabalho de cumprir com a missão de qualquer repórter que se preze, que é ouvir o outro lado.
Todos os cidadãos e todas as cidadãs que tiveram o privilégio de cursar uma faculdade e sempre tiveram três lautas refeições ao dia e aplaudiram o tal linchamento.
Todos os deputados e senadores e todas as deputadas e senadoras que promoveram o mais vergonhoso espetáculo da história recente do Brasil ao votarem pelo golpe ‘das pedaladas fiscais’, concluindo o circo na substituição da presidente Dilma por Michel Temer, um dos mais sinistros representantes do esgoto político nacional.
Todos os religiosos e todas as religiosas, bispos, pastoras e pastores que tomam centavos dos pobres em nome de um Deus que não os perdoará e jamais os deixará entrar no paraíso, que eles dizem fazer reserva para suas vítimas em troca de pagamentos nas suas pregações que fedem a dinheiro.
Todos e todas que aplaudiram o “lutador de boxe” Sérgio Moro, que se comportou não como juiz, mas como acusador e orientador da perseguição movida por seus cupinchas procuradores, e que condenou Lula sem provas, com base apenas em ‘fatos indeterminados’.
Todos os procuradores e todas procuradoras do Paraná que tomaram de assalto o sistema jurídico brasileiro e converteram leis em instrumentos de perseguição a um grupo político, com especial destaque para a escandalosa montagem do power point do Deltan Dalagnol.
Todos e todas que vociferaram e ainda uivam que Lula e Bolsonaro são extremistas e por isto deixaram de eleger Fernando Hadad, um homem com vida íntegra e dedicada às causas públicas para deixar subir ao poder um obscuro velho ex-capitão do exército que se abrigou na política para desfrutar de vida boa, com dinheiro de todos nós contribuintes, e que encaminhou seus três filhos para a mesma mamata.
Todos os militares de alta patente que ameaçaram golpes e intervenções, mais uma vez, porque é o que sabem fazer na sua brutalidade costumeira, caso fossem contrariados na sua determinação de tomar o poder de novo.
Todos os magistrados e as magistradas do STF, STJ, TSE, que se acovardaram diante das criminosos transgressões da corte de Curitiba.
Todos e todas que ficaram em cima do muro ou foram passear em Paris e torceram para o ‘quanto pior, melhor’ e que agora arrotam acusações de que ‘o governo é um pária internacional’, ‘o governo é culpado do agravamento da pandemia que mata milhares de brasileiros e brasileiras’.
Todos e todas são cúmplices do governo que ajudaram a eleger.
Todos e todas são cúmplices de cada morte, são cúmplices da destruição da saúde, da educação, da cultura, da ciência; são cúmplices dos que perpetram a mais alta traição ao nosso país, entregando a Petrobrás, a base de Alcântara, escancarando a mais bela floresta do mundo à impiedosa aventura de ruralistas gananciosos, de garimpeiros, de religiosos inescrupulosos; são cúmplices do genocídio dos povos originais do Brasil e que estão sendo mortos como moscas pela transmissão da Covid19; são cúmplices dos traidores que trabalharam sob orientação de potência estrangeira para destruir as grandes empresas nacionais e que se fizessem isso na terra que adoram, estariam presos pelo resto da vida, se não pegassem uma cadeirinha elétrica.
Todos e todas que, sem inocência alguma, apoiaram abertamente ou se deixaram convencer por conveniência pelo slogan batido do ‘combate à corrupção’.
Todos e todas, por mais arrependimento que demonstrem, sincero ou oportunista, todos e todas são responsáveis, tanto quanto os malditos que assaltaram o Brasil. São responsáveis pelas mortes, miséria e fome aos mais desassistidos; pela destruição que estamos desgraçadamente assistindo do sonho que temos de transformar esse país em uma verdadeira nação, onde prevaleça a Justiça com maiúscula, a tolerância às diferenças, onde se extirpe de uma vez por todas os privilégios de castas, onde a educação seja a base da profunda transformação social reclamada há séculos.
Todos e todas que contribuíram para transformar em pesadelo o sonho que temos de acreditar, que nossos filhos, filhas, netos e netas terão um país para viver e se orgulhar no futuro.