Debandada no PDT

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A queda vertiginosa de Ciro Gomes nas pesquisas, depois do lançamento da candidatura do ex-ministro Sérgio Moro, preocupa os candidatos do PDT a governos de estados, Senado federal, Câmara dos deputados e assembleias legislativas no país inteiro. Levar ao eleitor o nome de um presidenciável com aprovação irrisória do eleitorado significaria um debacle do partido nas próximas eleições.

Por Luiz Eduardo Rezende, compartilhado de Construir Resistência




Já existe dentro do PDT uma ala significativa defendendo a renúncia de Ciro ou até mesmo a cristianização do candidato. Para esses pedetistas que visam os próprios interesses eleitorais, o melhor seria entrar numa coligação de apoio ao ex-presidente Lula, franco favorito para 2022 e um nome fácil de levar ao eleitorado.

O problema é quem vai botar o guizo no pescoço do gato. Até agora Ciro não deu a menor indicação de que vá renunciar à candidatura e o presidente do PDT, Carlos Lupi, não parece ter coragem ou vontade de fazer esse pedido ao Coronel de Sobral. Mas Ciro conta com cada vez menos apoio dos pedetistas, está isolado e inviabilizado como representante da terceira via na eleição.

Como um náufrago que pede socorro, Ciro, como é do seu feitio, bate em Bolsonaro, bate em Lula e agora bate em Moro. A campanha não tem foco e por isso perde musculatura a cada dia.

CAIU A MÁSCARA

É melhor perder a vida que a liberdade, disse o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, repetindo como um papagaio palavras do presidente Jair Bolsonaro sobre obrigatoriedade ou não de vacinação no país. Esqueceram que para alguém ter liberdade é preciso estar vivo.

Mais do que qualquer outra coisa, a frase absurda deixa claro o total desprezo de Bolsonaro e Queiroga pela vida humana e o desrespeito às mais de 600 mil vítimas da pandemia no Brasil.

Debochado, irônico, grosseiro, o presidente sempre se refere aos atingidos pelo Covid-19 sem se importar com a dor das famílias ou com o medo que assusta boa parte da população.

Bolsonaro diz que é contra a vacina, mas se recusa a mostrar sua carteira de vacinação. Como é um mentiroso contumaz, não se sabe se ele faz discurso contra e por baixo do pano tomou sua vacinazinha, como fez seu filho Flávio e vários integrantes do governo.

NÃO APRENDEU NADA

Se o Brasil entrasse numa guerra e dependesse do capitão Jair Bolsonaro, estaríamos roubados. Ele não sabe nem o que significa fechar o espaço aéreo do país. Se pesquisar um pouquinho verá que isso quer dizer impedir que qualquer aeronave estrangeira sobrevoe o espaço aéreo brasileiro.

Essa pesquisa simples impediria que ele dissesse que a Anvisa está propondo fechar o espaço aéreo brasileiro. Uma baita bobagem. Não está não, presidente. Pelo contrário. O que a Anvisa aconselhou é que os turistas estrangeiros apresentem passaporte de vacinação ao desembarcarem no Brasil em portos e aeroportos ou cruzem a fronteira por terra.

É uma medida protetiva, largamente difundida. Vários países obrigam brasileiros a apresentarem atestado de vacinação contra febre amarela e isso não significa repúdio ao turismo ou discriminação contra quem vive no Brasil.

Ainda bem que nenhum país declarou guerra ao Brasil de Bolsonaro!

CAINDO NA REALIDADE

Que o lançamento da candidatura Moro mexeu com o quadro eleitoral para 2022 não há dúvida. Mas depois de uma euforia inicial por parte dos que não desejam votar nem em Lula nem em Bolsonaro, a poeira começa a baixar e as dificuldades para o ex-juiz tirar um dos dois favoritos do segundo turno se tornam visíveis.

Moro tem uma rejeição altíssima, só inferior à de Bolsonaro. Até agora não fechou alianças. Se encontrou com João Dória, candidato do PSDB, mas de concreto só saiu um pacto de não agressão na campanha, o que convenhamos é muito pouco.

É certo que a campanha ainda nem começou, mas ele não apresentou até agora nenhuma proposta concreta de governo, a não ser combate à corrupção.

Apoio mesmo, Moro só tem dos políticos e eleitores lavajatistas e daqueles que não votaram em Lula ou Bolsonaro de jeito nenhum. Por enquanto é insuficiente. Moro tem um caminho cheio de obstáculos a percorrer até ameaçar de verdade o presidente.

Por enquanto o jogo continua Lula versus Bolsonaro!

COSTURANDO ALIANÇAS

O ex-presidente Lula está programando uma visita ao Rio, onde vai se encontrar com o prefeito Eduardo Paes e com presidente da Alerj, André Ceciliano, para montar um conjunto de forças que enfrente as candidaturas de Jair Bolsonaro e Sérgio Moro no estado.

Alguns obstáculos precisam ser removidos. Com André Ceciliano, que é do PT, Lula não terá grandes problemas. Mas o ex-presidente precisará exercer todo o seu poder de persuasão para fazer Eduardo Paes apoiar Marcelo Freixo ao governo do Rio. Paes, principal liderança do PSD no estado, já até lançou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, para governador.

Dificuldades existem, mas não são intransponíveis. Lula, Eduardo Paes, André Ceciliano e Marcelo Freixo, principais atores dessa negociação, têm um ponto de convergência: derrotar Bolsonaro e exterminar o bolsonarismo da política brasileira.

SÉRIE B DE LUXO

O Botafogo, campeão da Série B do campeonato brasileiro de futebol, fez o dever de casa e em 2022 estará de volta à elite do brasileirão. Vasco e Cruzeiro tropeçaram nos seus próprios erros e problemas e continuarão na segunda divisão pelo menos por mais um ano. E terão a companhia de dois outros grandes, Bahia e Grêmio.

Com quatro ex-campeões brasileiros da Série A – Bahia, Cruzeiro, Grêmio e Vasco – e um campeão Mundial, o Grêmio, a Série B será um campeonato disputadíssimo. Como sobem anualmente os quatro primeiros colocados, qualquer descuido, como aconteceu este ano, pode deixar um grande de fora.

Tecnicamente os campeonatos brasileiros não andam lá essas coisas. Mas em termos de disputa e emoção o torcedor não pode se queixar.

FOTOS:

Ciro Gomes preocupado: candidatura em queda livre (Daniel Remalho/AFP)


Queiroga segue o seu mestre, Bolsonaro, mandar (Reprodução/YouTube)


Bolsonaro: presidente não sabe sequer o que significa fechar o espaço aéreo (Mateus Bonomi/ Getty Images)


Lula e Bolsonaro: disputa permanece inalterada apesar da entrada de Moro

Luiz Eduardo Rezende é jornalista com passagem por grandes jornais do Rio de Janeiro, como O Globo e O Dia. Matéria orginalmente publicada no Quarentena News.

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