POLÍTICA
Por Renato Rovai
Dilma foi a sorteada para ser a primeira a fazer as perguntas nos dois blocos entre candidatos. Em ambos, escolheu Marina Silva. A estratégia de Dilma foi a de explorar as contradições e inconsistências da candidata do PSB e do seu programa de governo. Na primeira pergunta, Dilma levantou uma série de propostas de Marina e apresentou o quanto isso custaria, perguntando de onde ela tiraria o dinheiro já que não pretendi continuar o Pré-Sal. Marina se atrapalhou na resposta e disse que cortaria os gastos públicos para poder fazer o que promete. Mas não explicou como seriam esses cortes e nem onde seriam realizados.
Na segunda oportunidade que pôde fazer pergunta, Dilma também foi de Marina. E foi direto ao ponto do Pré-Sal. Disse que das 242 páginas do seu programa, Marina havia dedicado apenas uma linha a essa questão. Marina de novo não deu uma resposta direta. Tergiversou como pôde, mas depois disse que irá continuar a exploração, mas também olhando para o futuro e para outras fontes energéticas. Dilma lhe disse que aquilo que ela menosprezava valia 1 trilhão de reais. E Marina de novo não foi direta na resposta.
Aécio ficou boa parte do tempo olhando as duas debaterem. E também observando Eduardo Jorge e Levy Fidelix, cada um ao seu jeito, darem seus shows. Quando tinha a palavra, Aécio tocava de lado e de forma burocrática. Como se já houvesse desistido da candidatura e cumprisse apenas um papel ao qual não podia mais recusar.
Mesmo quando teve a chance de confrontar Dilma Roussef, saiu-se mal. Tomou duas coelhadas da candidata do PT, que partiu para cima no seu jeito Mônica de ser. Dilma disse que Aécio devia ter memória fraca por não se lembrar dos investimentos do governo federal em Minas Gerais.
Outro momento interessante foi quando Luciana Genro perguntou a Marina se ela era a segunda via do PSDB. Marina quando confrontada faz caretas e começa a resposta irritada. Não foi diferente dessa vez. Ao invés de ser direta e dizer que não, voltou no tempo e começou a elogiar os governos anteriores, tentando dizer que não era radical como a candidata do PSOL, algo absolutamente desnecessário. Na réplica, Luciana deu lhe um truco. A psolista afirmou que não dava para conciliar o tempo todo e que Marina não iria governar para o povo, porque fazia acordo com banqueiros, usineiros e se submetia às pressões do Malafaia. E aí, Marina mordeu a isca e voltou a culpar o revisor pelo volta atrás nas questões LGBT.
Marina não foi bem neste debate. Teve um desempenho bem inferior ao anterior. Inclusive porque seus adversários começaram não só a explorar suas contradições, como também a chamar a atenção para o fato de que ela não responde nada de forma objetiva. Entenderam que o jeito Marina de discursar pode ser bom para um debate ou dois. Mas que se bem explorado pode se tornar uma arma contra a candidata.
Por outro lado, Dilma saiu um pouco da camisa de força do marketing e foi mais Dilma. Isso fez com que melhorasse sua performance. E mesmo dando suas costumeiras gaguejadas, teve o melhor desempenho entre os três principais candidatos. Até porque, Aécio virou um engravatadinho sem graça no meio da disputa franca da candidatas mulheres.
Aliás, não se pode negar isso nem a Marina nem a Dilma. Ambas não estão fugindo do confronto direto. E isso tem deixado os debates dessa eleição presidencial muito mais interessantes.