A turma que persegue Glauber participa do pântano que faz o jogo sujo na Câmara para os donos do poder e para o Bolsonarismo
Por Pedro Alcântara, compartilhado de Fórum
na foto: Glauber Braga na Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.Créditos: Lula Marques / Agência Brasil
O relator do processo de cassação do Deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) no conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Paulo Magalhães (PSD-BA), apresentou na semana passada um parecer favorável ao fim do mandato do psolista. A argumentação é pífia, cheia de contradições e vazia de sentido. Trata-se de um “peça condenatória” encomendada, injusta e sem qualquer valor ético.
Glauber é acusado de romper com o decoro parlamentar ao expulsar um manifestante do MBL do prédio da Câmara, após discussão acalorada. Na verdade, quem deveria ser julgado ética e publicamente pela sociedade era o agressor de Glauber. Sim, o tal membro do MBL é, ele sim, o agressor, dado que foi até o ambiente de trabalho do deputado xingar sua mãe, então hospitalizada em estado grave. Esse sujeito praticou um ato deplorável de tortura psicológica contra o deputado, que reagiu.
Na verdade, todos sabem que a última coisa que preocupa os que acusam e perseguem Glauber é o “decoro”. Aliás, quando o assunto é emenda parlamentar, poder, negociata e acordos obscuros os que o acusam de falta de ética jogam o tal “decoro” bem longe. Poder é o que importa. E quem são esses que o acusam? São os deputados do centrão liderados por Arthur Lira. Ou seja, os operadores das maiorias parlamentares que servem a dois senhores: aos interesses do mercado e as pautas podres da extrema direita.
Fique então bem dito: a turma que persegue Glauber participa do pântano que faz o jogo sujo na Câmara para os donos do poder e para o Bolsonarismo. Ora, qual a moral que esses sujeitos tem para julgar o deputado carioca na Câmara, sob qualquer aspecto? Precisam ser, eles sim, julgados pela sociedade brasileira por transformarem a Câmara dos Deputados num balcão de negócios, por atacarem os direitos do povo brasileiro e a soberania do Brasil em troca de benesses, muitas vezes para garantir seu mando provinciano nos territórios que dominam eleitoralmente.
O Deputado Paulo Magalhães, por exemplo, se absteve na votação do conselho de ética que buscava punir Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle. Como pode ele julgar mais grave a ação de reagir ao insulto a uma mãe hospitalizada que a acusação de mandar matar cruelmente uma pessoa? Segundo reportagem do Estadão -insuspeito defensor da direita no país – esse mesmo deputado teria agredido um jornalista a ponta pés 24 anos atrás, no exercício do seu mandato, simplesmente pelo profissional estar fazendo o seu trabalho.
A verdade é que Glauber está sendo julgado por suas posições políticas. Ele vem sendo uma voz firme e marcante na defesa dos trabalhadores e na denúncia das negociatas do centrão. Glauber foi o único deputado que enfrentou de peito aberto Arthur Lira, símbolo do centrão, do coronelismo, do atraso e inimigo do povo brasileiro. Ou seja, Glauber botou o dedo na ferida daqueles que tem o poder no Brasil: o mercado anti-povo e o centrão parlamentar que sequestra o parlamento brasileiro, fazendo dele seu balcão de negócios.
Ora, é exatamente no centrão e em parte das elites econômicas que o Bolsonarismo encontra sustentação, para além dos grupos sociais que o apoiam. Defender o mandato de Glauber, portanto, é dizer um não rotundo ao projeto protofascista no país. É afirmar o valor da nossa democracia e dos direitos do nosso povo. Defender Glauber é dizer sim a soberania do Brasil, é dizer sim ao projeto de um país justo, livre e soberano.
Na verdade, estão torturando psicologicamente o deputado Glauber Braga pelo seu voto contra a reforma trabalhista, contra a reforma da previdenciária, contra a entrega da petrobras e suas reservas, contra os acordos e a prática de Artur Lira e o centrão. Ou seja, perseguem Glauber para seguir condenando o povo brasileiro à miséria e à humilhação, enquanto garantem seus jantares, palácios, emendas e acordos.
A história fará desse processo um troféu para Glauber, pois será o símbolo maior do seu enfrentamento contra os algozes do Brasil. Como diria o grande Darcy Ribeiro, seria detestável estar do lado dos que pretendem condená-lo, pois eles representam tudo o que não queremos para o Brasil.
Temos pouco tempo para salvar o mandato de Glauber Braga e essa é uma missão irrecusável para todos os democratas e defensores do nosso povo. Precisamos fazer ecoar nos quatro cantos a sua defesa. Mas seus algozes, esses certamente não serão salvos da lata de lixo da história, lugar mal cheiroso ao qual pertencem.
Glauber Fica!