Defender o STF é o absurdo que virou obrigação

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook – 

Tornou-se banalidade dizer que a insanidade tomou conta do Brasil. Mas é o caso típico do óbvio que precisa ser reafirmado sempre. Mais do que a já desoladora realidade de o país ser governado pela extrema-direita, o novo mandatário, sua família e séquitos são visivelmente sociopatas e ignorantes. O clã Bolsonaro nos obriga a uma série de concessões para tentar barrar a sua sanha medieval. O caso mais dramático para o campo progressista é, depois de tanta patifaria vinda de lá, nos vermos condenados a uma solidariedade democrática ao terrível Supremo Tribunal Federal atual. Sim, a atual composição e decisões do STF foram determinantes para a eleição de Bolsonaro e a consequente desgraça que se abateu sobre o Brasil. No caso mais notório, foi a velhacaria do STF que levou Luiz Inácio Lula da Silva à sua prisão injusta e absurda e consequentemente roubou dele uma eleição certa à Presidência da República. Mas para os fascistas isso não foi suficiente e hoje aquela corte, mesmo acovardada, precisa ser destruída. A recente ação da dupla Dias Toffoli e Alexandre de Moraes foi infeliz por ensejar a interpretação, correta, de que se tratava de um ato de censura. Mas embora o método tenha sido equivocado, foi acima de tudo uma ação que tentava se contrapor a uma manobra visível

da extrema-direita, via inclusive dois veículos de mídia aliados ao bolsonarismo, para banir do cenário qualquer força que eventualmente colida com seus interesses. Quem acompanha noticiário e redes sociais sabe que dementes fascistas, a começar pelo clã Bolsonaro, enxergam como inimigos aqueles do Poder Judiciário que mesmo reacionários não se alinham automaticamente, e de maneira submissa, ao pessoal da Lava Jato de Curitiba, aquilo definido corretamente pelo quase sempre lamentável Gilmar Mendes como “Direito de Curitiba”. A investida recente contra Dias Toffoli tem como pano de fundo a possibilidade de STF ou STJ libertarem Lula, mesmo que o mantendo em prisão domiciliar. Lula solto é o terror da extrema-direita e da elite econômica que quer impor o chicote social via Reforma da Previdência. É isso que está em jogo. Bolsonaro e seu bando não admitem que os modelos punitivistas de Barroso e Fux, por exemplo, não sejam unanimidade no já submisso Judiciário brasileiro. Para quem não se lembra, o idiota que ocupa atualmente a Presidência da República já aventava na campanha a ideia esdrúxula de criar mais 10 vagas no STF, cujos titulares naturalmente seriam indicados por ele. Dessa maneira, e com o caráter vitalício das cadeiras, asseguraria para si e a Lava Jato o controle absoluto sobre o que é legal ou não durante décadas. Não se tem certeza de que a ideia tenha sido sepultada.




O plano de controlar oficialmente a cúpula do Poder Judiciário se manifesta em várias outras frentes. No projeto da malfadada Reforma da Previdência, por exemplo, foi enfiado um “jabuti” que derruba a PEC da Bengala, o que forçaria a saída imediata de ministros da Corte, alvejados pelo teto etário, e permitiria que Bolsonaro indicasse para substituí-los “juristas” alinhados ou mesmo militantes da extrema-direita. Não é coincidência que o primeiro nome cotado para ganhar assento no STF é o de Gebran Neto, o desembargador do TRF gaúcho que caprichou na manobra para mandar Lula para a prisão curitibana como queria seu amigo (de Gebran) Sérgio Moro. O cenário ideal para os fascistas vislumbra ainda a indicação de Deltan Dallagnol para a PGR. Enfim, o horror definitivo. Por tudo isso, o campo democrático está sendo “empurrado” para a defesa desse lamentável STF. Não se trata, como alguém legitimamente poderia argumentar, de uma “briga de brancos”. De fato, eles são brancos e defendem os interesses da elite econômica predatória, mas no que depender de nós não podemos cooperar, nem com a omissão, para que os fascistas perpetuem seu domínio no sistema legal brasileiro. É isso que está em jogo. Uma manobra que primeiramente quer manter Lula indefinidamente na prisão e, depois, legitimar no Judiciário amestrado as barbaridades que os medievais planejam impor aos brasileiros.

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