Por Lisandra Lopes, juíza do Trabalho. via Allan Aminadab Soares
Desde a época que Haddad estava em SP eu tinha certa admiração por ele. Pesquisei, vi vídeos, falas dele, li o programa e “fechei” que votaria nele. Embora sempre pensasse muito em Guilherme Boulos.
Mas na última hora resolvi votar em Ciro, porque as pesquisas indicavam que só ele vencia Bolsonaro com folga no segundo turno. Fiz isso porque a candidatura de Ciro não fere a maioria das minhas convicções e enxerguei que o projeto maior era dizer NÃO à barbárie.
Depois de votar, saí da urna para sentar no chão, num lugar reservado da rua, e chorar. Chorar por tanta gente que achava que conhecia e que descobri que defende um candidato que não tem nada, nenhum projeto interessante, a não ser o discurso de ódio. Ou que relativiza esse discurso.
E chorei por mim, por ter aberto mão de votar em dois candidatos que estavam, para mim, em primeiro lugar: Haddad e Boulos.
Conto isso aqui, o choro, a inconsistência na última hora, para conclamar os eleitores de Ciro Gomes: doeu abrir mão da minha escolha, mas nada dói mais do que a perspectiva de Bolsonaro eleito, naturalizando condutas violentas, discriminatórias e anti democráticas.
O mundo não é perfeito e nunca será. Com a vitória de Haddad, serão inúmeros os problemas a serem enfrentados, e um dos maiores será a polarização, que não se encerra nesta eleição. Mas depende de nós fazer o que é possível, e o possível, acreditem, é evitar o retrocesso civilizatório que Bolsonaro representa.
Costumo dizer que nada é tão ruim que não possa piorar. O país está ruim? Sim, está péssimo. Mas, acreditem, podem ficar pavoroso.
Pensem nas crianças. Pensem na liberdade que temos, de discutir, debater. Pensem nos outros. O outro é uma pessoa com todos os sonhos, as capacidades, os pensamentos e recursos que você tem. O outro amanhã pode ser seu filho, sua filha, seu amigo ou amiga. E sim, pode ser você. Ninguém está imune ao ódio.”
Deixemos de lado as diferenças. Vamos juntos contra o ódio e o retrocesso!