Depoimento de Andrade Gutierrez não explica doação para Aécio

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Publicado no Jornal GGN – 

A delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, trouxe algumas informações sobre doações para campanhas eleitorais à presidência de 2014: Dilma Rousseff recebeu R$ 20 milhões declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Aécio Neves (PSDB) ganhou R$ 200 mil a mais. Mas o ex-executivo afirmou que as doações legais à atual presidente foram pagas com recursos de propinas de obras superfaturadas da Petrobras e do sistema elétrico. Já os repasses para Aécio não foram questionados.
As informações de Otávio Marques de Azevedo foram registradas em uma planilha apresentada à Procuradoria-Geral da República. Azevedo e o ex-executivo Flávio Barra detalharam a planilha em depoimentos, à espera de uma negociação para delação premiada, ainda sob análise da homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Do total doado pela empreiteira para o comitê de campanha de Dilma, em 2010, 2012 e 2014 (quantia de R$ 20 milhões apenas neste último ano), cerca de R$ 10 milhões estariam vinculados à participação da Andrade Gutierrez em contratos de obras públicas, como o Complexo Petroquímico do Rio, a usina nuclear de Angra 3 e a hidrelétrica de Belo Monte.
De acordo com Azevedo, uma quantia das doações oficiais legais eram parte dos “compromissos com o governo” por atuar nas obras públicas e outra parte “republicana”, ou seja, doação efetiva.
Nem os investigadores, nem o delator da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, mencionaram a campanha dos adversários tucanos de Dilma. Apesar disso, os executivos afirmaram que até 2008 os valores doados legalmente para o PT e para os outros partidos, como o PSDB, eram similares.
A campanha de 2014 do senador Aécio Neves (PSDB), que foi derrotado por Dilma no segundo turno, angariou R$ 200 mil a mais do que o diretório do PT. Mas os delatores não citaram o tucano em seus depoimentos.
“A pergunta que não cala é: por que as doações para a candidatura adversária, que foram superiores à nossa, não são questionadas e as nossas são, sendo que todas saíram do mesmo caixa e, ambas, estão declaradas ao TSE?”, questionou o ministro de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha da presidente em 2014.
Em resposta assinada pelo coordenador jurídico de campanha, Flávio Caetano, o partido afirmou que “toda a arrecadação da campanha da presidenta de 2014 foi feita de acordo com a legislação eleitoral em vigor”e que “jamais a campanha impôs exigências ou fixou valores” para as empreiteiras doarem recursos. “Aliás, a empresa fez doações legais e voluntárias para a campanha de 2014 em valores inferiores à quantia doada ao candidato adversário”, disse Flávio.
O coordenador jurídico disse, ainda, que “em nenhum momento, nos diálogos mantidos com o tesoureiro da campanha sobre doações eleitorais, o representante da Andrade Gutierrez mencionou obras ou contratos da referida empresa com o governo federal”.
A Andrade Gutierrez, que tem seus executivos em acordo de delação premiada, não quis se pronunciar sobre o caso.

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