Leitores
Depois da pandemia, descobriu que viveria sem muitas coisas, menos sem os livros. E nada melhor do que escolhê-los em uma livraria, podendo folhear, cheirar. Foi o que fez na primeira saída depois da quarentena.
A moça estava lá, olhando e cheirando livros.
Olharam-se e riram porque tinham nas mãos obras da mesma autora.
Conversaram de perto e ele reparou que ela tinha a boca linda.
Ela também reparou na boca dele.
Foram tomar café, descobriram outras afinidades e se beijaram, um longo beijo de língua.
Saíram da livraria carregando livros e esperanças em um mundo melhor, com menos consumismo, mais respeito ao meio ambiente e justiça social, mas também com muita pressa:
— Na minha casa ou na sua? — ele perguntou.
— Já?
— Vai que pinta outra pandemia.