Fevereiro começou entregando-nos, desgraçadamente, a desgraceira que este país contratou quatro meses atrás, no dia 2 de outubro de 2022, com toda honra e respeito a Guilherme Boulos, Luiz Erundina – aos 88 anos de idade -, Chico Alencar, Talíria Petrone, à grande bancada do PT, etc.
Por Hugo Souza no Come Ananás, compartilhado de Construir Resistência
Naquele dia, porém, o PL, agremiação abertamente fascista, elegeu a maior bancada partidária do Câmara dos Deputados em 24 anos e o bolsonarismo levou 17 das 27 cadeiras em disputa para o Senado, com direito ao Rio Grande preferindo Hamilton Mourão a Olivio Dutra e ao astronauta Marcos Pontes derrotando, inesperadamente, o candidato democrata em São Paulo.
Nem falemos de Damares Alves, que nesta quarta-feira, 1º, deixou pegadas de sangue ianomâmi no carpete azul do plenário da casa. Nem falemos do senador e deputado estreantes Sergio Moro e Deltan Dallagnol – e de Rosângela, a “conje”.
Os deputados do PL estrearam na 57ª legislatura do Congresso Nacional usando adesivos de “Fora Ladrão” com uma figura ilustrativa que ilustra, isto sim, a falta de caráter de toda uma bancada: a mão de Lula sem o dedo decepado num acidente de trabalho.
Chegou o dia da posse dos deputados e senadores da 57ª legislatura do Congresso Nacional e diz tudo sobre a desgraceira contratada que um notório golpista tenha chegado forte para disputar a presidência do Senado da República, mesmo após o 8/1 e cacifado por ter levado a cabo, a serviço de Bolsonaro e Paulo Guedes, a mais recente reforma da Previdência feita contra o povo brasileiro e a reforma – esta sim, amiga – da previdência dos militares.
E fazendo, Rogério Marinho, Rodrigo Pacheco parecer um Mitterrand. Logo Pacheco, que não é muito mais que um Arthur Lira com crème brûlée. Foi mesmo um dia estranho.
Rogério Marinho teve 32 votos. Há dois anos, Simone Tebet, contra o mesmo Pacheco, teve 21.
Chegou o dia 1º de fevereiro e tomaram posse na Câmara os campeões de votos em seus estados Nikolas Ferreira, Marcos Pollon, André Fernandes, Bia Kicis e Carolina de Toni. Todos do PL. Todos golpistas ou espalhadores de fake news ou disseminadores de discurso de ódio ou tudo isso junto.
Chegou o dia da entrega da tragédia contratada e já ninguém mais lembra que em 2021 o TSE criou, cassando Fernando Francischini, um precedente para cassar mandatos ou candidaturas de políticos que deliberadamente promovessem ataques ao processo eleitoral.
“A decisão sobre o Francischini foi um cartaz, um aviso. Se fizer, vai ser cassado. Como de fato aconteceu, houve a cassação. O que se fez ali foi criar o precedente, o primeiro, e o candidato que se aventurar a fazer uma coisa parecida, tentar repetir a dose, vai ser cassado, eu não tenho a menor dúvida”, dizia o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, em agosto do ano passado.
Não vingou. Tivesse vingado, absolutamente nenhum dos campeões de votos do PL teria tomado posse nesta quarta. Ou será mesmo que a punição ainda virá? Levante o dedo quem acha que sim. Ninguém?