Deputada do governo explica a mudança da aliança de esquerda que conduz Portugal

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Artigo exclusivo de Isabel Moreira, deputada do Parlamento português pelo Partido Socialista: “A Geringonça acabou?”

Deputada portuguesa (PS) Isabel Moreira estampa apoio à Lula ,em sua casa, em Lisboa. Foto Bruno Falci / Jornalistas Livres

Por Isabel Moreira, deputada do Parlamento português pelo Partido Socialista. Especial para o Jornalistas Livres




A Geringonça acabou?

Sim e não.

Passo a explicar.

Em 2015 fez-se história. PS, PCP, BE e PEV entenderam-se pela primeira vez. O PS foi Governo com o apoio parlamentar de toda a esquerda e assim deu-se voz à maioria parlamentar que rejeitava a manutenção do Governo de direita.

Em Portugal havia uma espécie de barreira psicológica que impedia a esquerda de se entender, pelo que só a direita gozava desse privilégio. Fez-se história, portanto, ao acabar com um mito empobrecedor da democracia segundo o qual governar é coisa que assiste ao centro e à direita, fatalmente.

Como é sabido, para a Geringonça ser Geringonça foram assinadas posições escritas entre o PS e os seus parceiros à esquerda contendo as matérias do guião que nortearia as chamadas posições comuns ao longo dos quatro que se cumpriram com estabilidade, como é sabido.

 Em outubro de 2019, o PS ganhou a eleições sem maioria. Após conversações com os Partidos à esquerda, não foram assinadas posições conjuntas. Na espuma dos dias ficam as acusações recíprocas. Naturalmente, o PS imputa ao BE a impossibilidade de acordo e o BE imputa ao PS a mesma impossibilidade. Não será difícil de compreender que haverá responsabilidades de todos e que se o PS precisa menos da esquerda para governar, os Partidos à esquerda do PS, em face dos resultados eleitorais, precisam de se distanciar mais do PS do que têm feito.

Posto isto, se a Geringonça como a conhecemos acabou, o facto é que os parceiros preferenciais do PS continuam a ser os de sempre. As políticas deste Governo continuam as políticas da Geringonça, pelo que estranho seria que PCP ou BE, de boa fé, passassem a ser contra as mesmas.

Por isso mesmo, no que toca ao Orçamento de Estado para 2020, a esquerda viabilizou-o na generalidade.

Estou certa de que nesta legislatura teremos de negociar mais e de dialogar sempre, mas também estou certa de que serão os Partidos da  Geringonça  a demonstrarem que há um novo paradigma político em Portugal, no qual o PS é o file da balança da esquerda.

Assista a entrevista exclusiva com a deputada Isabel Moreira, para o Jornalistas Livres 

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