Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado

O cenário nas escolas particulares do Rio de Janeiro é semelhante ao que vamos apresentar abaixo. Pai de estudante, que não identificamos aqui por questões jurídicas, nos procurou para declarar que tirou recentemente seu filho da escola, cuja mensalidade girava em torno de R$ 3.700, em razão da superlotação da sala de aula, desrespeitando ao protocolo sanitário contra a Covid-19, tendo como alvo, tão somente, o lucro fácil. O pai argumenta que não teve outra alternativa, se não a de colocar o filho em outra instituição que não apresenta estes problemas. A escola em questão foi adquirida recentemente por um grande conglomerado de ensino, integrando a financeirização da educação.

Vejam o depoimento: “Eu tirei meu filho do colégio porque as condições de estudo ficaram muito deterioradas. Ele, que tem 16 anos e é aluno do Ensino Médio, em 2021 estudou numa sala com 35 estudantes e neste ano o colocaram para estudar junto com outros 44 colegas.

Esta superlotação gerou uma situação muito estressante, não só para quem estuda como para os professores, que têm que aguentar esta carga de trabalho mais intensa, corrigindo mais provas, tendo problemas nas salas de aula com quem não quer respeitar as normas sanitárias.

Os professores, que são ótimos, estão muito estressados em razão da pressão. E isso não é bom para o ensino. Quem é pai de aluno não aceita isso.

Percebi que não havia uma forma de negociar melhores condições, pois a direção da escola só quer receber a mensalidade cada vez mais alta, engordando os lucros e diminuindo a qualidade de ensino.

Outro problema que acontece é o da escola não seguir os protocolos contra a Covid-19. Meu filho teve sintomas, com febre e tosse, procurou uma enfermaria e não encontrou. Não existe mais, está fechada. Um absurdo.

Não há informação, por exemplo, sobre quantos foram contaminados na escola, ainda mais com estes casos crescentes. Ficamos às escuras”.