No seu comunicado, Leite culpa a imprensa pela sua decisão: “o debate sobre o bom uso do dinheiro público é legítimo, mas precisa ser feito com responsabilidade”
O governador Eduardo Leite informou por meio de um vídeo em suas contas no Instagram e do Facebook que desistiu da compra do jatoFoto: Eduardo leite/Redes Sociais
Após a má repercussão e devido ao desgaste político, na manhã desta quarta-feira, 2, o governador Eduardo Leite informou por meio de um vídeo em suas contas no Instagram e Facebook que desistiu da compra do jato, mas novamente atribuiu a demanda a Secretaria de Estado da Saúde (SES).
No último dia 1º de março, o Extra Classe publicou reportagem que expunha que nos bastidores do governo, a avaliação era de que o anúncio da compra do jato estava causando desgaste. O gabinete do governador passou então a buscar uma paternidade (ou maternidade) para compra da aeronave. Porém, a demanda já havia sido atribuída à Secretaria de Saúde pelo próprio Leite em matéria publicada em GZH, de 31 de março, quando ele afirmou ao repórter Gabriel Jacóbsen que “o Estado tem, segundo a SES e com respaldo do Hospital de Clínicas, eventualmente perdido transplantes porque não tem aeronave capaz de fazer a busca desses órgãos”. Palavras do governador.
O Extra Classe apurou que a partir da declaração houve grande mobilização envolvendo o Palácio Piratini e a Secretaria de Estado da Saúde (SES) para que assumisse a demanda como sua, e o melhor caminho seria, como ficou óbvio na fala do governador, que fosse via Central de Transplantes. Afinal, quem em sã consciência condenaria a compra de um jato para transportar órgãos e doentes?
Nesta nova perspectiva, além de prestar serviços ao governador, a ideia é que a o jatinho também poderia transportar órgãos para transplante e fazer remoção de pacientes de emergência, além de atender deslocamentos rápidos, em distâncias maiores.
Só que o estrago já estava feito. A fala de Eduardo Leite à GZH sobre possíveis usos do jatinho pela Secretaria de Saúde gerou mal-estar nos bastidores do governo e desconfiança e protestos entre servidores.
No seu comunicado, Leite alfineta a “imprensa”, sem citar veículos em específico: “O debate sobre o bom uso do dinheiro público é legítimo, mas precisa ser feito com responsabilidade, com base na verdade. No entanto, uma vez que esse tema foi contaminado pelos argumentos viciados e equivocados que foram trazidos na política e na imprensa, estou demandando que encerre o processo da compra da aeronave”.
Em sua fala, o governador justificou que a aquisição do avião não beneficiaria seu mandato, pois a nave seria usada a partir de 2026. A possibilidade de o avião ser adquirido com recursos do fundo da enchente foi um dos pontos mais criticados por servidores e setores políticos. A compra nunca foi encaminhada ao comitê do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).
Leia reportagem do Extra Classe, Governador busca alguém que assuma a compra do jatinho, que precedeu a decisão do governador anunciada esta manhã para entender melhor o caso.