Desmatamento cai em todos os biomas; Amazônia tem redução recorde e Cerrado ainda lidera devastação

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Relatório do MapBiomas mostra que Matopiba concentrou 42% da perda de vegetação nativa no país em 2024

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na foto O boi e a soja do agronegócio seguem como principais fatores para o avanço do desmatamento no Brasil - Nelson Almeida/AFP


Pela primeira vez desde 2019, o Brasil registrou queda no desmatamento em todos os biomas. O dado faz parte da nova edição do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), da iniciativa MapBiomas, lançada nesta quinta-feira (15). Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares no país ao longo de 2024, uma redução de 32,4% em relação ao ano anterior.

Apesar da retração, o Cerrado voltou a liderar em área desmatada, com 652.197 hectares – mais da metade (52,5%) do total nacional. A devastação segue concentrada na fronteira agrícola do Matopiba, região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Ali, 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% da perda de vegetação nativa do Brasil ocorreram em 2024. A região é dominada pelo agronegócio. Atualmente mais de 25 milhões de hectares são destinados à produção agropecuária, com destaque para a soja e a criação de gado.

“Pelo segundo ano consecutivo, a gente tem o estado do Maranhão liderando o ranking dos estados com maior área desmatada”, destacou Roberta Rocha, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora técnica da equipe Cerrado do MapBiomas.

Maranhão lidera entre os estados; Goiás tem maior queda

Quatro dos cinco estados com maior perda de vegetação em 2024 estão no Matopiba. O Maranhão encabeça a lista pelo segundo ano seguido, com 218.298 hectares desmatados – uma queda de 34,3% em relação ao ano anterior. Junto com o Pará, esses estados responderam por mais de 65% da área desmatada no país.

No outro extremo, Goiás teve a maior redução proporcional: uma queda de 71% em relação a 2023. Outros estados com destaque positivo foram Paraná, Espírito Santo e o Distrito Federal, todos com mais de 60% de queda.

Para Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, ainda não é possível dizer se o ritmo da queda é suficiente para conter a crise climática. “Do ponto de vista de emissões de gás de efeito estufa, quando você reduz o desmatamento, você reduz as emissões”, explicou. “Então, olhando assim pelo fato em si, ter menos desmatamento, sobre esse aspecto, é melhor para o clima.”

Queda na Amazônia

A Amazônia ficou em segundo lugar entre os biomas mais desmatados, com 30,4% da área total perdida no país – o equivalente a 377.708 hectares. Essa é a menor taxa já registrada na série histórica do RAD, iniciada em 2019.

Mesmo com a redução recorde, o ritmo da perda de vegetação assusta: 1.035 hectares foram desmatados por dia na Amazônia, cerca de sete árvores por segundo. No Cerrado, a taxa foi ainda mais intensa: 1.786 hectares por dia. Segundo o relatório, a maioria dos estados amazônicos apresentou queda, com exceção do Acre, que teve aumento de 30% na área desmatada.

Na região conhecida como Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia), o desmatamento caiu 13% em 2024, somando 89.826 hectares. Na análise por tipo de vegetação, as formações savânicas lideraram a perda, com 52,4%, seguidas pelas formações florestais, com 43,7%.

Editado por: Rodrigo Chagas

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