Por Ulisses Capozzoli, jornalista, Facebook

Na primeira página do jornal um grupo de homens, a maior parte de meia idade, divididos entre aplaudir e fazer os gestos de arminha popularizados pelo presidente. Como se tivessem obtido uma grande vitória. O que eles comemoram? A liberação das armas. E o que querem com elas? A sensação de poder, sobre a vida e a morte, porque na essência são fracos, medrosos como crianças que temem os ruídos estranhos da noite.

São gente ressentida, desamparadas como crianças que temem os ruídos da noite, por isso precisam das armas. Para se sentirem adultas, fortes, amparadas e consequentes. O ministro da Justiça, a justiça que no Brasil na maior parte do tempo é apenas um simulacro, está entre os que aplaudem. Se não está completamente satisfeito com o rumo das coisas, não pode se queixar. Talvez consiga o que pretende encenando a farsa com sua voz grasnada de marreco, atropelando as regras elementares da língua e se esforçando para convencer que é afeito a livros e leituras quando não é nada disso. É apenas um impostor.

O vice-presidente, ao lado, também aplaude. Que alternativa ele tem, encurralado pelos filhos do presidente, chucros como o pai? O general está num canto do ringue encenando como o ministro da Justiça. O simulacro de justiça. Aplaudindo para fazer cena. Ele, sistematicamente atacado por um astrólogo saído da Idade Média, saudado como guru por gente sem noção de realidade. A sociedade perdeu o pé da realidade e aparentemente não está disposta a discutir o que a levou a essa situação.

O presidente encantado com as adulações, ri como uma besta, o deslumbramento de César antes das 23 punhaladas amigas de Brutus. Sabujismo de ocasião, o servilismo de segundas intenções, o Brasil de terno e gravata vestido para o século 21 camuflando mentalidade medieval.

Um único homem, no canto direito superior da foto na primeira página do jornal observa. Segurando-se nos braços de uma das cadeiras do poder, quase absorto em relação a cena diante dos olhos. Quem é? O que estaria pensando? Não tenho ideia. Não sei dizer.