Por Rogério Maestri, Jornal GGN –
Por mais absurda que pareça a pergunta, é algo que dentro da lógica de retaliação que está sendo empregada na Síria e Iraque, por países que não estão sendo chamados pelo governo Sírio para combater o DAESH se justifica plenamente a pergunta.
Afinal quem foram os terroristas que perpetuaram o bárbaro atentado ao Bataclan? Pois excetuando um deles que era sírio os demais eram europeus nascidos e criados em famílias francesas sem e com religião muçulmana.
Ismaël Omar Mostefaï, um jovem Francês filho de um emigrante argelino com uma senhora de portuguesa convertida ao Islã, ele nasceu em Courcouronnes dans l’Essonne uma pequena cidade situada a vinte e sete quilômetros ao Sudeste de Paris. Samy Amimour, outro jovem francês nascido a Drancy outra pacata comunidade próxima a Paris, filhos de pais não religiosos e perfeitamente integrados na cultura francesa.
Poder-se-ia ir mais adiante, porém as histórias seriam as mesmas, logo fica bem claro que não são enviados do Iraque, Irã, Líbia ou Síria que perpetuaram os atos terroristas, logo a origem dos terroristas não explica os bombardeios às regiões sobre o domínio do DAESH.
Da mesma forma o Estado Sírio assim como o Estado Iraquiano lutam contra este grupo autodenominado como Estado, porém como não são aceitos por nenhum país do mundo como Estado, como não tem fronteiras definidas e mantidas pacificamente dentro dos territórios sírio e iraquiano, também não são um Estado, e muito menos aliados ou tolerados pela Síria e pelo Iraque.
Como os terroristas na imensa maioria não eram sírios ou iraquianos, como o DAESH é mais um grupo terrorista que leva o terror não só para a Europa, mas principalmente para os cidadãos sírios e iraquianos através das formas mais diversas e possíveis de atos que qualquer pessoa religiosa muçulmana ou não aceitaria. Por que as fronteiras dos países devem ser violadas e populações que caíram reféns do DAESH submetidas a bombardeios?
Esta é a verdadeira questão, segundo os governos europeus e norte americano, este DAESH há poucos anos, antes de começar a assassinar repórteres ocidentais, recebiam ajuda diretamente ou indiretamente através de aliados dos países ocidentais.
Enquanto o DAESH jogava bombas em Mesquitas Xiitas, trucidava cristãos sírios que eram aliados ao governo sírio, os governos ocidentais achavam lícitas as suas ações e ainda as financiavam. No momento em que estas ações deixam de matar somente muçulmanos xiitas, alauitas, grupos sunitas, drusos e cristãos sírios (não cristãos europeus), este grupo se torna indesejável. Tudo em nome da derrubada do governo Bashar al-Assad.
Assad não seria o que se poderia denominar um presidente democrático europeu, porém fica difícil manter uma democracia representativa totalmente aberta num país que vem sendo atacado há décadas pelos aliados dos ocidentais, primeiro pelos israelenses e posteriormente pelos “grupos pró-democracia” sírios, nos quais se inseriam até algum tempo atrás o DAESH, ou a filial da Al-Qaeda a frente Al-Nusra, ou ainda a Ahrar al-Sham e outros grupos menores.
Voltando ao foco da questão, os países ocidentais, como a França, apoiam num primeiro momento grupos terrorista que são de oposição aos governos Sírios e Iraquianos, grupos estes que empregam jovens franceses para promover ações terroristas contra franceses. Como retaliação os franceses e outros, sem o acordo do Governo Sírio, bombardeiam estados independentes e reconhecidos, para retirar os antigos aliados.
Dentro desta lógica estúpida, era mais fácil a França retirar parte de sua população de determinadas áreas e bombardear estes focos de terroristas, mesmo que com isto matem franceses que não apoiam os terroristas.
Completamente idiota esta resposta à pergunta proposta no título, mas é baseada na lógica de represálias contra o DAESH.