Por Luisa Fragão, compartihado da Revista Fórum –
Parlamentares contrariaram a orientação de seus partidos e votaram a favor do regime de urgência do projeto em meio à pandemia
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (9), por 363 votos a 109, o requerimento de urgência pela autonomia do Banco Central. De acordo com o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), ao menos 15 parlamentares de partidos de oposição votaram a favor da medida, apesar da orientação contrária de seus líderes.
Entre esses deputados, segundo levantamento de Glauber Braga, cinco são do PDT e 10 do PSB. Em relação à primeira legenda, destaca-se o voto favorável de Tabata Amaral, que já tem um histórico de contrariar decisões do próprio partido em votações na Câmara.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Tabata defendeu o seu voto alegando que a autonomia do Banco Central é um tema que desperta “muitas paixões” e “desinformação nas redes sociais”. Ainda, de acordo com ela, a instituição sempre foi refém do setor financeiro e isso não se agravaria com a aprovação do projeto.
Tabata afirma ainda que a autonomia é uma prática comum em outros países. “Previne que sejamos vítimas de governos autoritários e populistas de governos de esquerda ou de direita”, disse.
A imposição da pauta, em meio a assuntos urgentes da pandemia do coronavírus, como a retomada do auxílio emergencial, foi rechaçada pela grande maioria da oposição, que tentará obstruir o tema.
Na votação de terça, parlamentares chegaram a apresentar questões de ordem, mas as mesmas foram rejeitadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), eleito com apoio de Jair Bolsonaro (Sem Partido).
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a proposta vai beneficiar apenas os donos de bancos privados. “Autonomia de quem? São nove diretores que decidem política de juros, juros que a classe média paga em patamares assustadoramente altos. Vão trabalhar sem nenhuma ingerência, controle e fiscalização do poder público”, afirmou.
O projeto de autoria do Senado define, entre outras questões, mandatos do presidente e de diretores do BC com vigência não coincidente com o mandato de presidente da República.