“Estamos próximos a um incidente que tem capacidade de expor a sério risco a vida, a tranquilidade e o patrimônio dos cidadãos que aqui residem”, diz governo do DF em nota a Moro.
O governo do Distrito Federal cobrou o ministro da Justiça, Sergio Moro, pelo “silêncio” sobre os membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), depois que integrantes do grupo fugiram de presídios no Paraguai e no Acre, e protocolou um pedido de informações.
“O que se depreende de tudo que a imprensa tem divulgado (plano de resgate no presídio, fuga de presos, presença do Exército na segurança do presídio) e da movimentação da estrutura já trazida para o DF por estes criminosos, é de que estamos próximos a um incidente que extrapola os muros da unidade prisional federal e tem a capacidade de expor a sério risco a vida, a tranquilidade e o patrimônio dos cidadãos que aqui residem”, destaca o documento assinado pelo secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Gustavo Torres no qual se dirige diretamente ao ministro Sergio Moro.
No fim da tarde desta quarta (22), o Ministério da Justiça divulgou uma nota na qual afirma que, salvo pelo Governo do DF, “não há qualquer reclamação da permanência desses presos [criminosos de elevada periculosidade] em Brasília”, tampouco dos governos dos outros estados em que há presídios federais de segurança máxima.
Atualmente são cinco no País: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF).
“Os criminosos ficam recolhidos dentro dos presídios, não fora. Não há qualquer informação de que a transferência e a manutenção de lideranças de organização criminosa para o presídio federal de Brasília ofereçam riscos à população civil, aos prédios públicos ou às embaixadas.
No texto, o MJ esclarece que o “sigilo” na escolta de presos deve-se “questão de segurança, sendo esta uma praxe em todos os presídios federais” e completa afirmando estar sempre à disposição do GDF. “O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem promovido políticas de integração e de intercâmbio de informações com as todas as forças de segurança estaduais e distritais, e sempre esteve à disposição para o diálogo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal”.
Fuga em massa
No domingo (19), 75 detentos fugiram por um túnel da Penitenciária Regional de Pedro Juan Cabellero, a maioria do PCC. Ao menos 40 são brasileiros. Dois dias depois, integrantes da facção criminosa escaparam da Penitenciária Doutor Francisco D’Oliveira Conde, no Acre.
Em Brasília, no Complexo Penitenciário da Papuda, estão presos alguns dos principais integrantes da cúpula do PCC. Um deles é Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. Nesta terça (21), ele deixou o presídio sob forte esquema de segurança e seguiu para o Hospital de Base do DF para realizar exames.
O governador do DF, Ibaneis Rocha, é contra a permanência dessas lideranças na capital e demonstrou este descontentamento no ofício enviado a Moro por meio de seu secretário.
“Ressalto novamente que o Governo do Distrito Federal considera um erro estratégico grave a transferência/ permanência desses líderes na cidade que estão sediados todos os Poderes da República, todas as Representações Internacionais Diplomáticas e Oficiais e que recebe diuturnamente autoridades de todas as partes do Brasil e do mundo”, consta também no ofício do GDF.
PCC em Brasília
De acordo com o jornal Correio Braziliense, a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu oito mandados de prisão preventiva em 7 de janeiro, buscando desarticular uma célula do Primeiro Comando da Capital na Operação Guardiã 61.
Uma casa chegou a ser alugada em Taguatinga e há evidências, ainda de que houve procura por casas em outros bairros, como Lago Sul, Lago Norte e Jardim Botânico. A intenção seria abrigar membros do PCC e parentes dos líderes nos locais estratégicos, pela proximidade com o presídio.