Diário da Covid-19: Brasil caminha para ultrapassar os EUA

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Por José Eustáquio Diniz Alves, compartilhado de Projeto Colabora – 

Pandemia do coronavírus avança a uma velocidade três a quatro vezes maior em terras tupiniquins do que em terras ianques

Vista da Unidade de Terapia Intensiva que trata pacientes com a covid-19 no Hospital Gilberto Novaes, em Manaus. Foto Michael Dantas/AFP

Os Estados Unidos da América (EUA) contabilizaram ontem, dia 21 de maio, 1,62 milhões de pessoas infectas e quase 100 mil mortes, superando, com folga, todos os países do mundo. A China foi o epicentro inicial da pandemia e ficou na liderança do ranking global até o dia 19/03 quando passou o bastão para a Itália no número de mortes. Os EUA assumiram a liderança do ranking dos países com mais pessoas doentes a partir do dia 26/03 e ultrapassaram a Itália, a partir do dia 08/04, galgando a liderança isolada também do triste ranking dos países com mais pessoas mortas no mundo. De lá para cá os EUA – com 4,3% da população mundial – acumularam cerca de 30% dos casos e dos óbitos globais da covid-19.




Mas estes números impressionantes da nação mais rica do mundo, presidida por Donald Trump, podem ser superados nos próximos meses por uma nação muito mais pobre e de menores dimensões econômicas e demográficas e que é presidida por Jair Bolsonaro. Claro que superar os números acumulados leva tempo, mas o Brasil está a ponto de superar os EUA nos números diários de casos e mortes da pandemia do novo coronavírus. Isto porque, os americanos já ultrapassaram o pico e começaram a “descer a ladeira”, enquanto os brasileiros ainda estão subindo a montanha e nem sequer chegaram perto do pico. Atualmente, o coronavírus avança a uma velocidade três a quatro vezes maior em terras tupiniquins do que em terras ianques.

No Domino Park, no bairro do Brooklyn, em Nova York, círculos brancos marcam o distanciamento social necessário durante a pandemia. Foto Johannes Eisele/AFP
No Domino Park, no bairro do Brooklyn, em Nova York, círculos brancos marcam o distanciamento social necessário durante a pandemia. Foto Johannes Eisele/AFP

O panorama nacional

Considerando apenas os dados oficiais, apresentamos as informações fornecidas pelo Ministério da Saúde que divulgou, na tarde de quinta-feira (21/05), um novo recorde nacional de 310.087 casos confirmados e 20.047 mortes pela covid-19 para o total do país, com uma taxa de letalidade de 6,5%.

O número diário de pessoas infectadas, no dia 21/05, foi de 18.508 casos e o número diário de vítimas fatais foi de 1.179 óbitos, recorde absoluto, em 24 horas. Parece que o Brasil está entrando no patamar de mais de 1 mil mortes e mais de mais de 20 mil casos por dia. Está se aproximando, celeremente, dos mesmos números dos EUA.

Mesmo que o ritmo da pandemia esteja desacelerando em algumas capitais, está avançando em alta velocidade no interior e nas cidades pequenas. Um levantamento divulgado no dia 21/05 pelo Ministério da Saúde mostrou que mais da metade dos municípios brasileiros já registraram casos da doença. Em 28 de março, o país tinha 297 municípios com ao menos uma confirmação de coronavírus e passou para 3.488 até o momento. Na região Sudeste havia 97 municípios com algum caso e passou para 992 municípios, decuplicando no período. No Nordeste o aumento foi ainda maior passando de 57 municípios em 28/03 para 1.332 municípios em 20/05, um aumento de mais de 20 vezes. Muitos trabalhadores nordestinos que perderam o emprego ou perderam os meios de subsistência, principalmente, em São Paulo, voltaram para as suas cidades natais e muitos podem ter contribuindo para o espraiamento do vírus.

O gráfico abaixo mostra os valores diários das variações dos casos e das mortes no Brasil de março até o dia 21 de maio. Nota-se que todas as baixas acontecem nos fins de semana e os picos nos dias úteis. Mas as linhas (pontilhadas) de tendência polinomial de terceiro grau apresenta uma suavização das oscilações sazonais e indica uma extrapolação para os próximos 7 dias.  Infelizmente, a tendência é de alta e o pico da pandemia ainda está distante.

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