Diário da Covid-19: Descaso, Desprezo e Displicência mantêm o Brasil no alto do ranking de casos e mortes

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Por José Eustáquio Diniz Alve, compartilhado de Projeto Colabora – 

Em 15 dias , país teve 780 mil casos da doença e 14.3 mil mortes, equivalente aos primeiros 165 dias e 140 dias de 2020, respectivamente

Funcionários trabalham na linha de produção do CoronaVac, vacina da Sinovac Biotech contra o coronavírus COVID-19, no centro de produção biomédica do Instituto Butantan, em São Paulo. Foto Nelson Almeida/AFP

O ano de 2021 começa de forma trágica e o drama de Manaus é a parte mais dolorosa e visível de uma calamidade pandêmica nacional e global. Os números gerais da covid-19 preocupam e assustam, pois já são mais de 2 milhões de vidas perdidas e quase 100 milhões de pessoas infectadas globalmente. Os recordes são deploráveis, mas, infelizmente, estão se sucedendo cada vez mais rápido.




No dia 12 de janeiro, o mundo registrou a incrível marca de 17.186 vítimas fatais para a covid-19, sendo 4.327 óbitos somente nos EUA, segundo o balanço da Universidade Johns Hopkins. Para efeito de comparação, no ano passado, o montante de 17 mil mortes foi superado apenas no dia 24 de março. O balanço quinzenal é revelador, pois o número de casos e de mortes na 1ª quinzena de janeiro de 2021 superou todos os valores quando comparados com os montantes anteriores. Nos primeiros 15 dias do ano, o mundo registrou mais de 10 milhões de pessoas infectadas, valor equivalente à de todo o 1º semestre de 2020. Registrou também quase 200 mil mortes na quinzena, valor semelhante ao atingido nos primeiros 115 dias de 2020.

No Brasil, a situação não tem sido menos dramática. Nos primeiros 15 dias de 2021 houve 780 mil novos casos da doença, equivalente ao valor alcançado nos primeiros 165 dias de 2020 e houve 14,3 mil mortes, equivalente ao valor dos primeiros 140 dias de 2020. O aumento do número de casos e da taxa de ocupação dos leitos hospitalares na primeira quinzena de janeiro indicam uma provável elevação do número de mortes no restante do mês.

Homens batem panelas em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro ao proferir um discurso na TV, em Brasília, no dia 15 de janeiro. Foto Sérgio Lima/AFP
Homens batem panelas em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro ao proferir um discurso na TV, em Brasília, no dia 15 de janeiro. Foto Sérgio Lima/AFP

A tragédia Amazônica

A repetição do caos na saúde pública de Manaus desmente o senso comum de quem acha que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar e que a história nunca se repete enquanto tragédia. Na verdade, a capital do Amazonas demonstra que uma situação muito ruim pode ficar ainda pior.

No mês de abril de 2020, o sistema de saúde e o sistema funerário de Manaus entraram em colapso. No dia 26/04 foram registrados o recorde de 140 sepultamentos, sendo que a prefeitura anunciou que vários enterros seriam feitos em urnas lacradas e em valas comuns. No clima quente de desconfiança e desconforto de Manaus, famílias começaram a abrir caixões lacrados à beira das covas coletivas para ter certeza de que estavam enterrando seus parentes. No cemitério de Tarumã, sob o sol amazônico, houve incríveis relatos sobre o cheiro acre dos corpos entrando em decomposição, enquanto o odor forte e nauseante se espalhava ao redor do necrotério.

Passado os momentos mais críticos da 1ª onda pandêmica, o número de casos e de mortes pela covid-19 diminuíram e diversas pessoas, muitas delas defendendo interesses particulares, passaram a difundir a tese de que o pior já tinha ficado para trás e que a cidade havia atingido a “imunidade de rebanho”. Contudo, diversos infectologistas alertaram sobre a possibilidade de uma 2ª onda. Analisando as curvas epidemiológicas, escrevemos aqui no # Colabora, no Diário da Covid-19, no dia 25 de outubro: “Na capital do Amazonas há uma tendência que parece indicar o começo de uma segunda onda da covid-19”.

A suspeita de uma 2ª onda se tornou realidade com o crescente desdém ao distanciamento social e ao menosprezo pelas medidas preventivas ocorridos durante os dois turnos das eleições municipais de novembro e das festividades de fim de ano. Nem o poder público foi capaz de restringir o contato social e nem a sociedade civil colaborou com o controle do contágio através da prevenção individual e coletiva. O descontrole da pandemia permitiu a difusão de uma nova variante do coronavírus identificada no Amazonas e que parece ser mais transmissível. Por tudo isto, o número de pessoas infectadas disparou na virada do ano, em seguida cresceu o número de internações e o aumento de vítimas fatais foi a consequência inevitável.

Todavia, grande parte do caro investimento na estrutura hospitalar da 1ª onda foi desfeito e todo o aprendizado de um ano de pandemia foi ignorado. O cada vez mais patético e maléfico ministro da saúde, militar Pazuello, visitou Manaus no dia 11 de janeiro, entre outras coisas para divulgar o kit cloroquina e não se deu conta da gravidade da situação de saúde na cidade. Dois dias depois das fotos do ministro e das autoridades da saúde (que consumiu muitos recursos públicos com diárias, viagens, seguranças etc.) começou a faltar oxigênio e os doentes passaram a morrer asfixiados. Novamente, o sistema saúde entrou em colapso e a crise voltou ao sistema funerário. Toda uma operação logística foi implementada para transportar às pressas cilindros de oxigênio e para transferir pacientes para outros estados como mostrou Felipe Melo e Leanderson Lima aqui no # Colabora (15/01/2021). A despeito de todo o descaso e displicência, o presidente da República, sem o menor senso de autocrítica, disse que “fez tudo o que podia”.

O governo vacila na questão da vacina.

O governo Federal tratou a pandemia da covid-19 com a política dos “3 Ds”: Descaso, Desprezo e Displicência. Não fez uma barreira sanitária efetiva para evitar a propagação do vírus pelo território nacional. Não fez um rastreamento e um monitoramento das pessoas infectadas. Não incentivou o uso de medidas preventivas como o uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social etc. O Brasil não teve uma sinergia entre o Poder Público e a sociedade civil que foi a base do sucesso dos países que conseguiram eliminar o SARS-CoV-2. E mesmo o Brasil estando no topo do ranking dos países com maior número de pessoas infectadas e com maior número de vítimas fatais, as autoridades do Poder Executivo da União não se prepararam para planejar e implementar um plano de imunização para atender a população nacional.

O Brasil começou o ano de 2021 no segundo lugar global em número de mortes e no terceiro lugar no número de casos da covid-19, mas na lanterna da corrida por uma vacina contra o novo coronavírus. A vacina Pfizer/BioNTech foi a primeira no mundo a obter autorização em caráter de urgência e já está sendo administrada em cerca de 40 países, mas não há contrato de fornecimento para o governo brasileiro. A vacina da Oxford/AstraZeneca desenvolvida no Brasil em parceria com a Fiocruz, depende de insumos fabricados na Índia. O governo Federal montou toda uma operação logística para obter, em caráter de urgência, 2 milhões de doses. Mas a despeito de uma carta ao Primeiro-ministro indiano Narendra Modi e de equipar um avião para percorrer o “caminho das Índias” com urgência, a Índia tem outras prioridades e o Brasil “ficou a ver navios”. A Anvisa rejeitou um pedido inicial de uso emergencial da vacina russa Sputnik V. Desta forma, sobrou a vacina CoronaVac, desenvolvida no Brasil pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Embora o presidente Bolsonaro tenha dito que não vai se vacinar e que “Não compraremos a vacina da China e do Dória”, o governo Federal ficou sem alternativas e não quer permitir que o Estado de São Paulo inicie a vacinação, de forma pioneira no país, no dia 25 de janeiro. Desta forma, o Ministério da Saúde exigiu que o Instituto Butantan entregue todas as 6 milhões de doses disponíveis da CoronaVac, mesmo antes da aprovação do uso pela Anvisa. Ou seja, no momento em a pandemia bate todos os recordes no Brasil, com média de mais de 50 mil infecções diárias e o número de vidas perdidas esteja na casa de 1.000 óbitos diários, as poucas doses disponíveis são objetos de uma guerra política para saber quem sai na frente na disputa eleitoral de 2022. Enquanto os cidadãos brasileiros aguardam ansiosos a definição da data de início da imunização, o general Pazuello – em seu tom característico de desmazelo – disse que a vacinação vai começar no “Dia D e Hora H”. Mas o mundo não para, continua girando e a vacinação já caminha a passos largos em terras estrangeiras.

Já existem mais de 55 países que iniciaram a vacinação em larga escala contra a covid-19. Segundo o site Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, o mundo já aplicou 38,5 milhões de doses de vacina até o dia 15 de janeiro, com os EUA e a China administrando mais de 10 milhões de doses e Reino Unido, Israel, Emirados Árabes Unidos, Itália, Alemanha e Rússia aplicando mais de 1 milhão de doses cada. O gráfico abaixo mostra como está a vacinação na 1ª quinzena de janeiro, em termos relativos. Percentualmente, Israel não vacilou e já vacinou 25,8% da sua população, os Emirados Árabes Unidos vacinaram 18,2%, Bahrein 7,2%, Reino Unido 5,9%, EUA 3,7% e assim por diante. Na América Latina já iniciaram a vacinação Argentina, Chile, Costa Rica e México. Em termos percentuais o mundo vacinou 0,49% da população global.

O panorama da covid-19 no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil chegou no dia 16 de janeiro de 2021 com 8.455.059 pessoas infectadas e 209.296 vidas perdidas, com uma taxa de letalidade de 2,5%. Em cada 1.000 brasileiros, 40 já foram infectados pelo novo coronavírus e 1 morreu. A doença já chegou a todos os municípios do país, o número de casos diários bateu todos os recordes anteriores e, tudo indica, nas próximas semanas o pico o número de mortes da 2ª onda deve superar os montantes do pico da 1ª onda.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos casos da covid-19 no Brasil nas 21 quinzenas de 01 de março de 2020 a 15 de janeiro de 2021. Nota-se que, na quinzena de 01 a 15 de março, houve uma média diária de apenas 13 casos, passou para 8.856 casos na primeira quinzena de maio e deu um salto para o pico de 43.641 casos na 1ª onda na primeira quinzena de agosto. Nas quinzenas seguintes os números caíram até 21,8 mil casos diários entre 01 a 15 de novembro. Mas a 2ª onda ganhou força e os números voltaram a subir e bateram o recorde do ano de 2020 de 44.121 casos diários na última quinzena de dezembro. Porém, deploravelmente, a primeira quinzena de 2021 começa com novo recorde de 47,8 mil casos. Existe uma preocupante tendência de aumento da propagação do SARS-CoV-2 no mês de janeiro de 2021.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos óbitos da covid-19 no Brasil nas 21 quinzenas de 01 de março de 2020 a 15 de janeiro de 2021. Nota-se que, na quinzena de 16 a 31 de março, houve uma média diária de apenas 13 óbitos. Na segunda quinzena de maio o número médio diário de mortes pulou para 906 óbitos e continuou aumentando até o pico de 1.069 óbitos na segunda quinzena de julho. A partir de agosto o número de mortes diminuiu até o mínimo de uma média diária de 394 óbitos na primeira quinzena de novembro. Porém, as cifras voltaram a subir até 759 óbitos diários na última quinzena do ano. A tendência de aumento continuou e chegou a 886 óbitos diários na primeira quinzena de janeiro de 2021.

 Segundo o site Worldometers o Brasil bateu o recorde de casos ativos com 825 mil pessoas doentes, sendo quase 9 mil considerados sérios. A maioria das Secretarias Estaduais de Saúde relatam a elevação das internações e o aumento da ocupação dos leitos de UTI. Isto significa que o número de mortes deve crescer na segunda quinzena de janeiro de 2021 e o pico da 2ª onda de óbitos pode ultrapassar, em breve, o pico da 1ª onda que ocorreu em julho de 2020.

O panorama global da pandemia

O mundo chegou no dia 15 de janeiro com o registro de 93,8 milhões de pessoas infectadas e de mais de 2 milhões de vidas perdidas para a covid-19, com taxa de letalidade de 2,1%, segundo a Universidade Johns Hopkins. O ano de 2021 começa com números crescentes.

O gráfico abaixo mostra a evolução da média diária dos casos da covid-19 no mundo, nas 23 quinzenas de 01 de fevereiro a 15 de janeiro de 2021. Nota-se que, na quinzena de 01 a 15 de fevereiro, houve uma média diária de 3,9 mil casos diários. Na quinzena 16 a 31 de março, o número de casos deu um salto para 44,2 mil e continuou subindo até 272,5 mil casos na quinzena de 01 a 15 de setembro. Nas quinzenas seguintes houve uma aceleração com a média diária atingindo cerca de 620 mil casos em dezembro de 2020. Mas ao invés de retroceder, a média diária de casos chegou a 695 mil na 1ª quinzena de janeiro de 2021.

O gráfico abaixo mostra a evolução do número diário de óbitos no mundo nas 23 quinzenas de 01 de fevereiro a 15 de janeiro de 2021. Na quinzena de 01 a 15 de fevereiro, houve uma média diária de apenas 97 vidas perdidas, dando um salto para 2,4 mil óbitos na segunda quinzena de março, até o pico da 1ª onda com 6.572 óbitos na primeira quinzena de abril. Este valor não foi superado até a segunda quinzena de outubro. Mas a 2ª onda trouxe números elevados em novembro e dezembro, com o pico do ano alcançando 11.419 óbitos na segunda quinzena de dezembro de 2020. Mas, miseravelmente, a 1ª quinzena de janeiro de 2021 estabeleceu novos recordes com 12,7 mil óbitos diários.

Embora a pandemia já esteja presente em todos os continentes e em mais de 200 países e territórios a sua dinâmica não é a mesma em todos os lugares. Considerando os 6 países mais populosos do mundo, percebe-se que os dois países do continente americano apresentam números bem superiores aos países asiáticos. O gráfico abaixo, do jornal Financial Times, mostra a média móvel de 7 dias para os casos diários da China, Índia, EUA, Indonésia, Paquistão e Brasil. Nota-se que, atualmente, os EUA apresentam uma média de 69 casos para cada 100 mil habitantes, o Brasil 26 casos por 100 mil, a Indonésia (que ultrapassou a Índia) apresenta 4 casos por 100 mil habitantes, a Índia e o Paquistão com cerca de 1,2 casos por 100 mil e a China com somente 0,01 casos por 100 mil habitantes.

O gráfico abaixo mostra a média móvel de 7 dias para os óbitos diários dos 6 maiores países do mundo, em termos demográficos. Percebe-se que os EUA também estão em primeiro lugar, com 1 óbito diário por 100 mil habitantes, o Brasil com 0,47 óbitos por 100 mil, a Indonésia com 0,09 óbitos por 100 mil, o Paquistão com 0,02 óbitos por 100 mil, a Índia com 0,016 óbitos por 100 mil e a China com somente 0,00007 óbitos por 100.000 habitantes.

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A tabela abaixo mostra a população dos 6 maiores países do mudo em tamanho demográfico, o número acumulado de casos e de óbitos e os coeficientes de incidência e de mortalidade, com dados do Worldometers para o dia 15 de janeiro de 2021. Os EUA estão na frente em todos os números da pandemia. O Brasil, embora esteja atrás da Índia em número acumulado de casos, possui coeficiente de incidência de 39,3 mil casos por milhão de habitantes e coeficiente de mortalidade de 976 óbitos por milhão. Os menores coeficientes estão na China. A Indonésia possui coeficientes acumulados menores do que os da Índia, embora (como vimos nos gráficos anteriores) apresente coeficientes diários maiores do que os atuais da Índia. Entre os 6 países, o Paquistão só está à frente da China em termos de impacto da pandemia.

Entre os países mais populosos do globo, o Brasil só rivaliza com os EUA em termos dos valores dos coeficientes de incidência e de mortalidade. Os dois maiores países das Américas são também os dois mais impactados em termos de vidas perdidas. Ambos possuem em comum Presidentes da República que negaram a gravidade da pandemia, tiveram uma atitude displicente com a proteção das pessoas e implementaram políticas perversas que causaram muitos danos à população.

Todavia, Donald Trump foi castigado, perdeu as eleições, teve o seu impeachment aprovado na Câmara dos Deputados e a partir do dia 20 de janeiro estará fora do governo e sofrerá na justiça e junto à opinião pública um crescente processo de culpabilidade. De forma semelhante, o “Trump tropical” também pode ter o mesmo destino. A jornalista Cristina Serra, nossa colega no # Colabora, escreveu artigo de grande repercussão no jornal Folha de São Paulo, do dia 15 de janeiro, dizendo que Bolsonaro merece um Tribunal de Nuremberg da pandemia, pois “Só uma investigação com a mesma amplitude será capaz de explicar o mal em grande escala praticado contra a população brasileira”. Parece que este é um sentimento amplo, geral e irrestrito, pois muitas cidades brasileiras tiveram panelaços nos dias 15 e 16 de janeiro de 2021 contra a crise sanitária no Amazonas e contra o conjunto da obra de um governo que tem causado inúmeros prejuízos ao país. Parece que a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” está se viabilizando como uma efetiva vacina contra a incompetência e o fanatismo imperantes no Brasil.

 Frase do dia 17 de janeiro de 2021

“Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo”

Denis Diderot (1713-1784), filósofo iluminista e escritor francês

Referências:

ALVES, JED. Diário da Covid-19: Óbitos caem, mas cresce a probabilidade de 2ª onda no Brasil, # Colabora, 25/10/2020

https://projetocolabora.com.br/ods3/obitos-caem-mas-cresce-a-probabilidade-de-2a-onda-no-brasil/

MELO, Felipe e LIMA, Leanderson. Caos na pandemia: Amazonas enviará pacientes para outros estados, # Colabora, 15/01/2021

https://projetocolabora.com.br/ods3/caos-na-pandemia-amazonas-enviara-pacientes-para-outros-estados/

SERRA, Cristina. Bolsonaro merece um tribunal de Nuremberg, FSP,  15/01/2021

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristina-serra/2021/01/bolsonaro-merece-um-tribunal-de-nuremberg.shtml

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