Diário da Covid-19: Já dá para ver alguma luz no fim do túnel

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Por José Eustáquio Diniz Alves, compartilhado de Projeto Colabora

Número de novos casos no Brasil se estabiliza e volume de mortes começa a cair, mas flexibilização do isolamento pode provocar uma segunda onda da pandemia

Elisabete Nagata (em cima) abraça sua cunhada Luiza Nagata, de 76 anos, através de uma cortina de plástico transparente em um lar de idosos em São Paulo. Foto Nelson Almeida/AFP

O pior já passou? Esta é a pergunta que mais ouço nas últimas semanas. Tem sido triste responder negativamente. Evidentemente, não é minha vontade evitar boas notícias. Apenas tento traduzir o que a análise estatística dos dados evidencia. Como fazemos todos os domingos, apresentamos um balanço da evolução do número de casos e de óbitos nas semanas epidemiológicas no Brasil e comparamos com a evolução da pandemia no mundo. Pois bem, o que os números indicavam desde a 16ª Semana Epidemiológica (SE de 12 a 18 de abril) era que os valores absolutos estavam aumentando rapidamente e os valores relativos estavam diminuindo lentamente, de tal forma, que o ritmo da pandemia no Brasil estava se acelerando em relação ao resto do mundo.




A diferença entre o Brasil e a média dos demais países aumentou até a 21ª SE (17 a 23) de maio. Na semana seguinte houve pouca alteração. Mas na 23ª SE (31/05 a 06/06) as cifras brasileiras continuaram crescendo, porém, numa velocidade menor quando comparada com a média mundial. E a melhor notícia aconteceu agora, na avaliação da semana passada (24ª SE de 07 a 13/06), quando o aumento do número absoluto de casos ficou, praticamente, constante e o número absoluto de mortes diminuiu em relação à semana anterior. É a primeira vez que isto acontece desde o início da pandemia em março.

Ainda é cedo para se ter uma conclusão definitiva, mas como mostramos no Diário do dia 12/06, “Pandemia reduz o ritmo nas capitais brasileiras”, já existem sinais de que o surto da covid-19 está desacelerando em terminados locais (embora aumentando em outros). Na 24ª SE (7-13/06) os sinais positivos apareceram na média nacional, o que nos dá esperança de que estamos próximos de atravessar o pico e iniciar a descida da curva, como veremos a seguir.

Agentes da Guarda Municipal inspecionam a praia, no Recreio dos Bandeirantes, com o mar repleto de surfistas. Foto Allan Carvalho (NurPhoto)
Agentes da Guarda Municipal inspecionam a praia, no Recreio dos Bandeirantes, com o mar repleto de surfistas. Foto Allan Carvalho (NurPhoto)

O panorama nacional

Os números da pandemia do coronavírus no Brasil divulgados pelo Ministério da Saúde, no sábado (14/06), indicam 850.514 casos e 42.720 vidas perdidas, com uma taxa de letalidade de 5%. Foram 21.704 novos casos (número menor do que os 25 mil novos casos dos EUA) e 892 vidas ceifadas em 24 horas (número maior do que os 702 óbitos dos EUA e os 504 do México).

Para avaliar o ritmo da expansão da pandemia no território nacional, o gráfico abaixo mostra a evolução do número de casos da covid-19 no Brasil por semana epidemiológica (SE), segundo a definição do Ministério da Saúde que aponta a 10ª SE como a semana de 01 a 07 de março de 2020 e em seguida as demais. No dia 01 de março o Brasil tinha apenas 2 casos confirmados de covid-19 e passou para 19 casos no dia 07/03. Foram apenas 17 casos, mas o aumento foi de 9,5 vezes (o que representa 37,9% ao dia).

Até a 13ª SE (22 a 28) os números relativos ficaram acima de 30% ao dia. Porém, nas semanas seguintes os números absolutos foram crescendo ao mesmo tempo que a variação percentual foi diminuindo. No mês de março houve acréscimo de 5,7 mil casos, em abril foram 80 mil casos, em maio impressionantes 429 mil casos e 336 mil casos somente nos 13 primeiros dias de junho.

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