Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
E pra falar do mundo falo uma besteira
Fomenteira é uma ilha
Onde se chega de barco, mãe
Quem nem lá, na ilha do medo
Que nem lá, na ilha do frade
Quem nem lá, na ilha de maré
Que nem lá salina das margaridas
Essa ladeira
Que ladeira é essa?
Essa é a ladeira da preguiça
Ela é de hoje
Ela é desde quando
Se amarrava cachorro com linguiça
(Trecho de “Ladeira da Preguiça”, letra de Gilberto Gil)
Continuamos com este diário da viagem que fizemos, eu e a companheira Carmola e a prima-irmã-amiga Josedalva, à Paraíba e Bahia no início deste mês de março.
Na postagem anterior, descrevemos e mostramos imagens da bela cidade de Itaparica, dentro da Ilha com o mesmo nome que divide com o município de Vera Cruz.
Nosso amigo Emanoel Castro, o Manu historiador, escritor e fotógrafo nos ciceroneou por vários locais belos. Vem com a gente!
Chegamos à Ilha por embarcação, vindo de Salvador, mas fomos até o final dela para conhecermos cidades vizinhas, com casario, mar e rio de encher os olhos. Itaparica é ligada ao continente, no extremo sudeste pela ponte João das Botas, via o estreito do Funil, trecho da Rodovia BA-001.
Para chegar nesta localidade, passamos por regiões como a famosa por ditado popular Cacha Prego. Pertencente ao município de Vera Cruz, na Ilha, Cacha Prego, de acordo com o amigo Manu tem esta denominação atribuída à palavra francesa cache, que pode significar esconderijo. Fala-se na Ilha que naquela localidade havia uma profusão do peixe prego, daí, esconderijo do peixe deste tipo. Meu pai, o pernambucano Luiz Otávio utilizava a expressão “prá lá do Cacha Prego!”, para se referir a um lugar muito longe.
Pois seu Luiz, seu filho foi longe, passou do Cacha Prego. Fomos pelas mãos do Manu, ou melhor da motorista Josi, pra lá do Cacha Prego. Fomos até Nazaré das Farinhas. Bem próxima da Ilha, mas já no continente, a cidade ficou conhecida por ser berço do jogador Vampeta. Este, na época em que jogava, na década de 90, chegou a adquirir o prédio histórico onde funcionava um cinema, para que este não fosse demolido.
Vamos aqui também mostrar a cidade de Jaguaripe, na qual o Paço Municipal já foi presídio dos mais cruéis. No local, os presos eram confinados no porão do prédio e quando a correnteza do Rio que batizou o nome da cidade subia muitos destes morriam, pois ficavam praticamente submersos, à mercê das águas. Era a chamada Prisão do Sal.
Estivemos também em Salinas Margarida, local que, como o nome diz foi um importante polo de exploração de sal. A cidade tem o nome derivado da empresa Companhia Salinas da Margarida, que chegou a ser a décima maior empresa do Brasil, na virada dos séculos XIX e XX. No tempo em que se amarrava cachorro com linguiça.
Por falar nisso, ao chegarmos em Salinas, a companheira Carmola que canta e tem uma memória musical das mais afinadas, começou a lembrar de uma música que falava em Salinas da Margarida, cantarolou até chegar em “Ladeira da Preguiça”, de Gilberto Gil, que citamos na abertura deste post.
Do sal para o barro: Manu nos levou a Maragogipinho, distrito de Aratuípe, no qual há uma tradição da confecção de objetos de cerâmica. As famosas “namoradeiras das janelas” são algumas das peças criadas pelos artesãos de mais de 150 olarias que remetem a várias gerações.
Estivemos também na bela Ponta do Mutá, município de Maraú, no qual vemos as mariscadeiras, mulheres que pegam mariscos na beira-mar, fazendo disso uma fonte de renda.
De volta a Ilha, chegamos à praia de Aratuba, onde mora nosso amigo Manu. Vejam nas fotos como mora bem o amigo. Mora bem merecidamente e tem outras tantas belas praias e cidades na vizinhança, no recôncavo baiano.
Salve Manu! Obrigado por abrir as portas da Ilha de Itaparica e redondezas. Temos uma grande dívida de gratidão pelas belezas proporcionadas e seu poder de anfitrião.





Casario de Nazaré das Farinhas, tercerio prédio é do cinema comprado por Vampeta para que não fosse demolido; foto de dentro da igreja Nossa Senhora da Purificação de Nazaré






Paço Municipal, antigo cárcere de Jaguaripe; Filarmômica da cidade desde 1912; Carmola e Josi no início do pier do Rio Jaguaripe e prédio do Paço visto do rio.












Pontal do Mutá, paisagem e mariscadeira



Salinas da Margarida, nosso guia Manu e um praça com nome bem peculiar







Cacha Prego e Aratuba com bar com outro nome bem peculiar (clique na foto)