FACE TO FACE
Por Celso Sabadinm crítico de cinema e documentarista
Os mais novos certamente não se lembram, mas lá pelos anos 60 e 70, a Prefeitura de São Paulo tomou uma série de medidas visando priorizar o pedestre em detrimento do carro, no centro da cidade. Várias ruas foram fechadas aos automóveis, criando-se assim os calcadões.
Foi uma gritaria geral dos donos de carros, que se viram privados de seu conforto, enquanto a população ganhava as ruas 7 de Abril, Conselheiro Crispiniano. Marconi e várias outras para caminhar civilizadamente.
Hoje, é simplesmente impensável o centrão sem estes calçadões.
A vida é assim mesmo: quem só pensa em si próprio tem muita dificuldade em aceitar que a administração pública – o nome já diz – tem que visar prioritariamente o bem público, a maioria, o social.
E que quanto mais a cidade se desenvolve, mais o carro perderá espaço nas áreas mais adensadas, como ocorre em qualquer grande cidade civilizada do mundo.
Aliás, não é à toa que, inteligentemente, o europeu prioriza os carros pequenos para as cidades, enquanto o brasileiro prefere imitar a cultura norte-americana com suas SUV gigantescas, sem se dar conta que as malhas de transporte dos EUA são bem diferentes das nossas.
Fico feliz, hoje, quando pego um ônibus na Avenida Aclimação e, graças aos corredores, chego para ver minhas cabines de imprensa no Shopping Eldorado em menos de 30 minutos.
Sem o estresse de dirigir nem de procurar lugar para estacionar. E lendo. Isso é qualidade de vida.
Claro que ainda há muito a fazer nesta área, mas não é fácil mudar uma mentalidade individualista de tantas décadas. Tudo bem. Haverá mais um mandato pra resolver isso…
Quanto àqueles que não admitem mudanças, paciência… eles sempre existirão, e sempre gritarão em vão. Enquanto o mundo evolui.