Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô

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Por , para o Jornal da GGN – 

Ontem Dilma Rousseff comprovou que sua melhor performance é nas entrevistas coletivas e/ou conversas informais. Sobressai, ai, a prosa inteligente, espirituosa e os raciocínios claros – em contraposição aos debates, onde a tensão por vezes atrapalha a explanação das ideias.




Dois aspectos da coletiva de ontem.

O primeiro, a economia e a questão fiscal.

Nos jornais de hoje, alguns articulistas alegam que Dilma passou a tomar medidas de ajuste que negara na campanha. Não é verdade. Na campanha, a discussão foi entre medidas draconianas (propostas por Eduardo Gianetti, pela Marina, e Arminio Fraga, por Aécio) e ajuste gradual (defendido por Dilma). O reajuste moderado dos combustíveis – ajudado em parte pela queda dos preços internacionais de petróleo – é ajuste gradual. Na entrevista, Dilma reafirmou seu compromisso com o gradualismo.

O segundo ponto, foi a questão da regulação econômica da mídia.

A segurança com que entrou no tema, a explicitação das diferenças entre ajuste econômico e controle de conteúdo, marca uma nova etapa do tema. E mostra uma presidente afirmativa como não se viu no primeiro governo, sem receio de arrostar os tabus.

Aliás, foi certeira ao ironizar a composição “bolivariana” do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), fórum que junta desde lideranças de movimentos sociais a banqueiros.

O caso da mídia

http://youtu.be/fu7R_KJjbOs

Ontem coloquei no Blog um vídeo surpreendente do último programa de Jô Soares e suas “meninas”. Infelizmente não entrou o som.

Conforme expliquei na série “O caso de Veja”, em 2006, Jô foi o primeiro comunicador a perceber a nova onda do mercado de opinião, de explorar a suposta superioridade social e intelectual da classe média internacionalizada contra os “cucarachos”.

Explorou pioneiramente o tema, foi seguido por Arnaldo Jabor, depois abriram-se as porteiras e o terreiro foi invadido por pitbulls de todos os tamanhos.

No programa, as “meninas” começaram a explorar o preconceito, seguindo a receita habitual, quando foram interrompidas por Jô, com palavras sensatas. Falou do ridículo de comparar o Brasil com a Bolívia, do ridículo de julgar que no atual estágio de desenvolvimento poder ser controlado por um regime chavista.

A posição de Jô surpreendeu suas “meninas”. Com olhar atilado dos grandes pensadores, uma delas soltou essa pérola: “Será mesmo, Jô? Deus te ouça”. Em seguida, uma crítica acerba ao PSDB, pelo fato de muitos de seus integrantes terem avalizado os manifestos da ultra-direita.

Quando se pensava que Jô já encerrara a aula, veio a segunda lição, mais surpreendente ainda: uma defesa eloquente de Evo Morales. Disse que Morales é um índio que fez muito por seu povo e acabou atacado por uma elite insensível.

Pode ter sido apenas um pequeno clarão no padrão Globo de show bizz. Ou não.

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