Segundo o ministro, há indícios de que estes grupos extremistas estejam fazendo ações coordenadas em diferentes estados
Por Getúlio Xavier – Carta Capital, compartilhado de Construir Resistência
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta quinta-feira 6 a determinação para a abertura de um inquérito da Polícia Federal para apurar a existência e atuação de organizações nazistas e neonazistas no Brasil. A informação foi publicada por Dino durante a madrugada em seus perfis nas redes sociais.
De acordo com o ministro, já há indícios de que os grupos extremistas estejam realizando ações coordenadas em diferentes estados. A intenção, diz ainda o ministro, é apurar a propagação destes discursos de ódio e a prática de crimes de racismo e apologia ao nazismo no País.
“Assinei agora determinação à Polícia Federal para que instaure Inquérito Policial sobre organismos nazistas e/ou neonazistas no Brasil, já que há indícios de atuação interestadual”, anunciou. “Há possível configuração de crimes previstos na Lei 7.716/89 [que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor]”.
O anúncio ocorre poucos dias após a descoberta da existência de um grupo neonazista em Santa Catarina, com ligações com organizações extremistas internacionais. O caso foi revelado pelo programa Fantástico, da TV Globo, e mostrou como o grupo recrutava jovens pela internet. Dez homens já foram presos pela Polícia Civil no estado.
No final do ano passado, um relatório do Observatório Judaico de Direitos Humanos no Brasil revelou que episódios neonazistas crescem sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ao todo, foram registrados 169 casos entre janeiro de 2019 e junho de 2022. Desses, 114 (67%) são de caráter neonazista, com referências a Hitler, além de admiração ao nazismo e seus símbolos e representações, como a suástica.
Um outro documento produzido em 2021 também mostrou que, após ascensão de Bolsonaro, o número de grupos neonazistas cresceu no País. Naquela ocasião, o monitoramento revelou que, de 2015 a maio de 2021, células neonazistas saltaram de 75 para 530 no País. O estudo foi feito pela antropóloga Adriana Dias.
Nas últimas semanas, os ataques em diferentes escolas do Brasil por jovens armados também aumentaram o nível de alerta contra a difusão de discursos extremistas em fóruns da internet. A preocupação já constava no relatório do observatório, que listava casos de violências ocorridos em escolas do País.
Matéria publicada originalmente no link abaixo de Carta Capital