Ainda segundo o jornalista pernambucano, o modelo militar nada tem a ver com educação: “É um projeto da extrema-direita para impedir qualquer visão crítica sobre a sociedade”
Por George Ricardo Guariento, compartilhado de Diálogos do Sul Global
“A escola militarizada é uma farsa. Ela não ensina disciplina, ensina obediência cega”. Com essa afirmação, o jornalista pernambucano Dioclécio Luz expõe os problemas do modelo educacional imposto pelas escolas cívico-militares no Brasil.
Autor do livro “A Escola do Medo – Vigilância, Repressão e Humilhação nas Escolas Militarizadas”, Dioclécio participou do programa Dialogando com Paulo Cannabrava da última terça-feira (18), e denunciou como esse modelo reforça estruturas autoritárias e impede o desenvolvimento do pensamento crítico.
“O que eles chamam de disciplina é, na verdade, um regime de medo. Os alunos não são estimulados a pensar, apenas a obedecer ordens sem questionar”, critica o especialista, destacando que a implementação do programa visa muito mais o controle social do que a melhoria da educação. As escolas militarizadas, segue, adotam uma estrutura rígida e punitiva, onde a repressão substitui o diálogo e qualquer forma de expressão individual é desestimulada.
O jornalista também alerta para o caráter seletivo das escolas militares, que afasta alunos que fogem do padrão desejado: “Estudantes negros, periféricos e LGBTQIA+ são os mais afetados. Há casos de alunos sendo punidos por usar cabelo afro ou por se manifestarem contra a estrutura da escola”. As práticas, denuncia, reforçam o racismo e a exclusão social.
Outro ponto central da entrevista foi a ligação entre a militarização das escolas e um projeto político mais amplo: “Isso não tem nada a ver com educação. É um projeto da extrema-direita para moldar jovens a aceitarem hierarquias autoritárias e impedir qualquer visão crítica sobre a sociedade”, afirma. Segundo ele, ao invés de preparar os estudantes para o pensamento livre, as escolas militarizadas criam cidadãos submissos, que não questionam abusos de poder.
Dioclécio conclui enfatizando que o combate a esse modelo passa pela mobilização da sociedade e pela valorização de um ensino verdadeiramente democrático: “A escola deve ser um espaço de construção de conhecimento, e não um quartel. Precisamos defender uma educação que forme cidadãos e não soldados do autoritarismo”.
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube. Confira: