Disse que a política industrial é coisa velha e foi dormir sem completar a pauta, por Luís Nassif

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O maior custo Brasil é o custo mídia. Não analisam os fatos em si, com profundidade, apontando virtudes e defeitos

Por Luis Nassif, compartilhado de seu Blog




A incompreensão sobre políticas industriais é ampla e disseminada. A última da Folha foi investir contra a compra de ações de empresas privadas pelo BNDES.

“Uma das marcas do PT foi resgatada com a volta do BNDES “investidor”. Segundo o governo, a instituição, que terá protagonismo no plano, voltará a comprar ações”.

Do modo como a Folha coloca, trata-se de um plano “velho” – o termo é usado por 9 entre 10 reportagens sobre a nova política -, sem resultados expressivos.

No entanto, foi essencial para consolidar o Brasil como grande produtor de celulose, com R$ 1,2 bilhão aplicados na Fibria Celulose em 2008 e R$ 2,2 bilhões na Suzano em 2010. Aplicou R$ 1,2 bilhão na Embraer, que se tornou uma empresa respeitada internacionalmente. E R$ 1,0 bilhão na Vale. Também investiu na Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas e Gerdau.

Em outra parte, o inacreditável colunista Joel Pinheiro da Fonseca diz o seguinte:

“Um fato que me chama a atenção: nossos projetos de industrialização são sempre pensados da fronteira para dentro. Saúde, defesa, agro: no Nova Indústria Brasil, em todos eles o objetivo é reduzir o uso de insumos importados e produzir para atender o mercado interno.

Imagine se fôssemos enfrentar a pandemia de Covid apenas com produtos nacionais. Abriríamos mão das melhores vacinas disponíveis, como, aliás, o governo ameaçou fazer com relação à vacina da dengue em julho do ano passado, dando prioridade à vacina do Butantan, que nem pronta estava. Felizmente, voltou atrás”.

Ora, toda a estratégia, não apenas do Brasil mas de qualquer país civilizado, é reduzir a dependência de insumos externos por uma questão de segurança.

Esse pessoal não analisa a história, sequer o passado recente. Deve ser coisa “velha” aprender com a experiência da pandemia.

A pandemia de COVID-19 gerou escassez global de insumos, incluindo no Brasil. Os principais insumos que faltaram no país foram:

  • Equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras, luvas, aventais, óculos e protetores faciais. Esses equipamentos são essenciais para proteger os profissionais de saúde e outros trabalhadores da exposição ao vírus.
  • Medicamentos, como sedativos, neurobloqueadores musculares, analgésicos e antibióticos. Esses medicamentos são usados para tratar os pacientes com COVID-19, bem como outras doenças que podem ser agravadas pela infecção.
  • Insumos para diagnóstico, como kits de teste para COVID-19 e reagentes para exames de imagem. Esses insumos são necessários para identificar os casos de COVID-19 e acompanhar a evolução da doença.
  • Insumos para vacinação, como o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção de vacinas. O IFA é um componente essencial das vacinas, e sua escassez global atrasou o início da vacinação no Brasil e em outros países.

Além desses insumos, também houve relatos de falta de outros produtos, como oxigênio, ventiladores mecânicos e leitos hospitalares. A escassez desses insumos afetou o sistema de saúde brasileiro, dificultando o atendimento aos pacientes com COVID-19”.

E foi a capacidade do Butantan e da Fiocruz de produzirem vacinas que permitiu os acordos de transferência de tecnologia com laboratórios internacionais. O sujeito sequer considera que a maior parte da vacinação da Covid foi produzida pelo Instituto Butantan.

Insisto que o maior custo Brasil é o custo mídia. Não analisam os fatos em si, com profundidade, apontando virtudes e defeitos. Não acompanham as grandes discussões internacionais. Tudo passa pelo filtro de ideologia barata. E vão pespegando slogans a torto e a direito mesmo que não tenham lógica.

Por exemplo, Joel apresenta como alternativa o que seria um complemento: e “nearshoring”, atração para o país de fornecedores estrangeiros. Só faltou acrescentar que, em nenhum momento as medidas do governo diferenciam empresas nacionais e internacionais. A única distinção é empresas que produzem fora e que produzem dentro.

Os estímulos da nova política industrial estão abertos para qualquer empresa que resolva internalizar a produção no país.

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