Ditadura: cenas da censura nas redações

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Por Pio Redondo, jornalista,  no Facebook

Subiu um #censuranuncamais no twitter, por causa do dia 31, a ditadura. Aí relembrei. Entre 1975 a 1979, ‘foca’ na TV Bandeirantes, ainda na Cásper Líbero. Mas, na redação, só feras e jornalistas recém libertados do Deops, Oban.




Todos torturados ao extremo: Rose Nogueira, Antonio Marcello, Alípio Viana, Julinho de Grammont, Sérgio Sister. Vez ou outra passava mais alguém, em cobertura de férias.

Pra ser ter uma ideia da repressão política, foi em 1975 que Vladimir Herzog foi executado sob tortura na Oban, e depois, em 1976, o metalúrgico Manoel Fiel Filho.

O fascista que comandava o II Exército era o general Ednardo D’Ávila Mello. A tortura, Brilhante Ulstra.

Comoção e resistência.

A companhia mais permanente da redação era a censura, exercida por um simples telefonema da ainda dona Solange, antes de ser ‘doutora’.

Em nome da PF, a dona ‘ligava’ pouco antes do telejornal entrar no ar, e ordenava: não pode noticiar o aumento do custo de vida; nem a epidemia de meningite; superfaturamento da usina de Angra para os alemães; Balbina; Transamazônica; mortes no campo; a morte (execução) – de tal preso político só na versão oficial (que não seria veiculada).

Mesmo assim, a redação buscava as ‘brechas’, e aí cobriu-se o sindicalismo que renascia – a primeira visibilidade pública a Lula.

Em uma ocasião, ainda antes de Lula, o então presidente dos Metalúrgicos de São Bernardo, Paulo Vidal, disse que o sindicato não iria ao dissídio com o sindicato patronal porque a ‘negociação’ era um jogo de cena – quem fixava os índices salariais eram os ditadores, com a inflação manipulada.

Por muito pouco a TV toda não ficou fora do ar por dois dias, maior crise. Vigia a Lei de Segurança Nacional e Armando Falcão, o ministro da Justiça de Geisel.

Para evitar a censura, alguém teve a ideia de deixar todos os telefones fora do gancho, antes do telejornal. Decisão corajosa da redação, mas não deu outra: dona Solange passou a mandar as proibições por telex.

E assim, desde então, houve uma prova cabal de tudo aquilo que os militares escondiam do povo com coação e violência. Terror de Estado.

Essa redação se desfez quando o dono da emissora conseguiu negociar a concessão de rede nacional com os militares. Todo mundo demitido, outros saíram em solidariedade. Quem entrou pra dirigir terminou o serviço.

E há quem ainda diga que não havia roubalheira na ditadura! Vilania, barbárie.

#ditaduranuncamais!

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