Por Carlos Eduardo Alves, jornalista –
Não sou crítico de cinema e, portanto, não tenho base técnica para analisar um filme. Gosto ou não gosto de filmes de acordo com o padrão de um espectador comum. Não acho “Democracia em Vertigem” o melhor rebento de Petra Costa. Conheci o trabalho da cineasta com “Elena”, uma emocionante homenagem dela à irmã mais velha, que se suicidara. “Elena” , de tão rara sensibilidade, me fez chorar ao assisti-lo. É belíssimo. “Democracia em Vertigem” , na minha modesta opinião, é um documentário bom mas com falhas em algumas abordagens políticas e factuais. Não é uma produção inquestionável.
No lançamento, pensei até em escrever alguma coisa sobre minha falta de adesão ao amor avassalador que o filme produziu nas esquerdas, mas me calei. Seria sim sacanagem apontar falhas numa produção que quase solitariamente enfrentava a velhacaria da mídia que patrocinara o golpe. Meu filho, então com 14 anos, viu “Democracia em Vertigem”. Perguntei o que achara. “É um ponto de vista diferente do que se encontra por aí”, respondeu.
Eis aí o grande mérito do filme. “Democracia em Vertigem” , mesmo com algumas imprecisões, é um tapa na cara da patifaria do golpe e em todos os que se envolveram com aquele lixo. Não é por acaso que a canalha que participou do golpe, PSDB, direita, extrema-direita, jurista Merval Pereira etc esteja tão atordoada com a indicação ao Oscar.
Se existe algum exagero na obra de Petra Costa, é em grau infinitamente inferior à grande mentira do golpe. “Democracia em Vertigem” é mais do que um bom documentário, o que é de fato. É a resposta vitoriosa a um assalto à Democracia que resultou na extrema-direita no Poder.
O Brasil vai dever para sempre a Petra Costa.