Ainda em 12/12, GSI atacou a revista após revelação de fonte da PF. Fórum foi também único veículo a transmitir ao vivo de dentro do Planalto em 8/1

Por Henrique Rodrigues, compartilhado de Fórum

8 de janeiro. No dia que marca um ano da tentativa frustrada de golpe de Estado que por um triz não implodiu a jovem democracia brasileira, a Fórum relembra a própria participação como veículo de imprensa nas revelações exclusivas que fez desde o dia 12 de dezembro de 2022, data da diplomação do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com base em declarações prestadas por um servidor da Polícia Federal lotado no Palácio do Planalto, elencadas depois numa obra documental pioneira.

Tudo era tão real e factual que o próprio general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), atacou a Fórum e seu repórter em sua conta oficial no Twitter, para depois mencioná-los duas vezes em CPIs, no Congresso Nacional e na Câmara Distrital do DF.

Àquela altura, antes da diplomação, enquanto a maior parte da sociedade e da intitulada ‘grande imprensa’ percebia apenas um clima estranho e uma névoa no universo político, tendo em vista a resistência do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) em reconhecer sua derrota nas urnas, fizemos jornalismo e trouxemos em primeira mão uma trama golpista arquitetada no núcleo do antigo governo, com participação velada de altos integrantes das Forças Armadas e capitaneada pelo GSI.

Houve resistência na maioria dos veículos em repercutir nossas informações exclusivas sobre os ataques da noite do dia 12 de dezembro, assim como de outros episódios, como o da tentativa de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília na véspera de Natal. Tudo o que fora revelado se comprovaria dia após dia, até que no 8 de janeiro a fonte da PF que nos reportava essas informações inéditas transmitiu ao vivo os invasores golpistas destruindo o Palácio do Planalto lá de dentro. Fomos o único órgão de imprensa no mundo a fazê-lo.

Com a chegada do primeiro aniversário do fatídico 8 de janeiro de 2023, o dia em que a democracia quase ruiu, como era de se esperar, os veículos da mídia hegemônica divulgaram e publicaram especiais destrinchando aquele trágico acontecimento histórico. Até este ponto, sem novidades. O que surpreendeu mesmo foi o fato de várias dessas publicações e emissoras trazerem informações a respeito daqueles eventos como “inéditas”, uma vez que vários desses dados já tinham sido revelados de antemão pela Fórum.

Não é preciso ir muito longe para se comprovar isso. Um dos pontos mais difundidos e repercutidos nesta segunda-feira (8) foi a informação constante num trabalho documental da TV Globo de que a primeira-dama, Janja da Silva, foi o fiel da balança para evitar a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que poderia justamente fazer o jogo e a vontade dos militares, segundo palavras do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que estava com Lula no carro presidencial naquele domingo inapagável. Tal afirmação já havia sido tornada pública pela Fórum, saída da boca do mesmo Edinho Silva, numa entrevista exclusiva realizada no programa Fórum Onze e Meia, em 9 de novembro do ano passado.

Em março de 2023, dois meses após a intentona criminosa que quase derrubou o governo constitucional, o portal g1 alardeava que o depoimento e as informações de um policial federal foram essenciais para que o STF decidisse julgar ele mesmo os militares envolvidos nos atos golpistas. A ‘descoberta’ da tal fonte, um verdadeiro ‘furo’, era apenas o reconhecimento da existência de uma personagem central no desmonte do golpe: a fonte da PF ouvida pela Fórum antes mesmo dos ataques.

Quando os fardados a serviço do general Augusto Heleno, então chefe do GSI, viraram ‘fatos reais’ para a ‘grande imprensa’, com suas identidades expostas e vídeos mostrando infiltrações em acampamentos, ou até mesmo conivência na invasão do Planalto, mais uma vez tornavam a aparecer as tarjas de ‘exclusivo’ nos noticiários. No entanto, esses homens eram aqueles denunciados anteriormente pela Fórum, que chegou até mesmo a reportar em tempo real uma reunião golpista no Anexo II do palácio que serve de sede para chefia do Estado, com integrantes do GSI, da Secretaria-Geral da Presidência da República e de outros órgãos afins adestrados pelo bolsonarismo e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.

A série documental ‘Ato 18’, da Fórum Filmes, dirigida pelo experiente repórter Luiz Carlos Azenha, que agora finaliza o terceiro e último episódio, é uma outra realização pioneira e com informações exclusivas que foi simplesmente ignorada por quem divulga hoje documentários com a vinheta de “inédito”. Flávio Dino falou à Fórum, de dentro de seu gabinete no Ministério da Justiça e Segurança Pública, e ali já contava sobre os bastidores e a dinâmica da ação que ameaçou a paz democrática no país. Todas as obras documentais têm seus méritos, inclusive as realizadas por grandes emissoras, que contam com muita influência e vultosos recursos. No entanto, os créditos de exclusividade a quem chegou primeiro ao cerne da informação devem ser prestados, se não por respeito e reconhecimento, por educação.

ASSISTA AQUI AO 1° EPISÓDIO DE ‘ATO 18’

ASSISTA AQUI AO 2° EPISÓDIO DE ‘ATO 18’

Neste 8 de janeiro de 2024, data em que completa um ano da tresloucada aventura golpista dos bolsonaristas, a Fórum vem apenas salientar que o exercício do jornalismo por seus profissionais serviu de anteparo às aspirações autoritárias que ameaçavam a República naqueles dias. Não evitamos o golpe, mas o anunciamos, em primeira mão, o que fez com que seus artífices se sentissem nus.

Nessas circunstâncias e imbuídos de um caráter inflexível no cumprimento de nossa missão profissional, apenas pusemos em prática o que diz o adágio supostamente dito por William Hearst, e erroneamente atribuído por muita gente a George Orwell: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Por fim, só queremos que o leitor saiba disso, sem ressalvas ou dúvidas quanto à execução de nosso trabalho.

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