Por RFI
Conhecida por filmar o sistema judiciário, a diretora brasileira Maria Augusta Ramos ganhou neste sábado (24) o 3° lugar no prêmio do público na Berlinale de 2018 com o documentário O Processo, que retrata os bastidores do processo de impeachment da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.
A trilogia de premiados documentários de Maria Augusta Ramos, 52, é formada por Justiça, Juízo e Morro dos Prazeres e é respeitada por mostrar, de maneira quase cirúrgica, temas complexos. Mas com O Processo, Maria Augusta Ramos se lançou em um desafio ambicioso: expor, inclusive para um olhar estrangeiro, já que o filme é projetado pela primeira vez na Berlinale, os meandros do impeachment que sacudiu o Brasil em 2016.
Ao falar sobre o projeto para a RFI Brasil em Berlim, a diretora dá a impressão de que, apesar da experiência, esse filme foi mais desafiador que os demais. “Como brasileira e como ser social que sou, foi muito difícil viver esse processo. Mas ao mesmo tempo, foi comovente ver a defesa da presidenta de perto, ver o trabalho do José Eduardo Cardozo (advogado de Dilma), dos assessores e senadores que estavam na comissão, apesar de saberem que iam perder.”
Para a diretora, o objetivo é documentar esses instantes que determinavam o rumo do país. “Eu faço filmes para tentar compreender uma situação e uma sociedade. Fiz esse documentário para entender o impeachment e o que estava por trás disso. Quis olhar para o discurso político-jurídico e, através dele, descobrir esse momento histórico brasileiro”, explica Maria Augusta.
O filme O Processo junta-se então aos filmes brasileiros premiados em 2018 no Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, ao lado de Zentralflughafen THF, de Karim Ainouz (Prêmio Anistia Internacional) e Tinta Bruta, dos diretores gaúchos Marcio Reolon e Filipe Matzembacher (melhor longa-metragem no Teddy Awards) e Bixa Travesty, do casal Claudia Priscilla e Kiko Goifman (melhor documentário no Teddy Awards).