Dom Quixote e uma ode à Mulher

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Por Arcírio Gouvêa Neto, jornalista

Há exatos 420 anos, em 16 de janeiro de 1605, o espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, aos 58 anos, publicava aquela que seria a maior obra da literatura ocidental, “El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha”. Uma década depois, em 1615, saía a segunda parte do “Ingenioso Caballero Don Quijote de la Mancha”.




Enquanto narra os feitos do “Cavaleiro da Triste Figura” e seu fiel escudeiro Sancho Pança, Cervantes satiriza os preceitos que regiam os livros sobre as histórias fantasiosas dos heróis da cavalaria andante, muito em voga naquela época.

Em sua genialidade, Cervantes consegue imprimir tanto realismo ao seu personagem que quase o leitor acredita que ele realmente tenha existido.

Em princípios de maio de 2002, o livro foi escolhido como a melhor obra de ficção de todos os tempos. A votação foi organizada pelo “Clube do Livro Norueguês” e participaram escritores de consagrado reconhecimento internacional.

Trecho de uma conversa entre Dom Quixote e Sancho Pança sobre a mulher, enquanto, montados em seus cavalos (no caso de Sancho, um burrico), andavam pelos caminhos da Espanha à cata de aventuras: “Porque deves saber, Sancho, que as mulheres são a mais perfeita das criações divinas. Que embora sejam mais bonitas que as flores, as estrelas e a lua cheia juntas, são fortes como o aço da minha lança. Por isso, Sancho, é necessário entre os cavaleiros que devemos estar atentos às suas privações, amá-las, cuidá-las como a menina dos nossos olhos, porque o nosso mundo sem elas estaria completa e irremediavelmente perdido, pois elas, Sancho, são a força da vida e a máquina que impulsiona nossa existência”.

É necessário destacar que essa ode à mulher foi feita em um tempo ainda de olhar preconceituoso e obscuro com relação à elas. Esse discurso de Cervantes, na boca de Dom Quixote, é algo extraordinário para uma época em que se considerava a mulher como um ser inferior e nascida apenas para servir ao homem. É nesse contexto que essa fala maravilhosa deve ser entendida.

Imagem: Mural que ilustra Don Quixote e Dulcinea em Puerto Lapice, La Mancha, Espanha, num local que tem um moinho, abrigando um pequeno museu e murais com cenas do romance de Cervantes

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