Dr. Fausto do cantão de Higienópolis?

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Via João Lopes – 

Alertado por Regis Savietto Frati e Fernando Morais, vejo a entrevista de FHC, o bruxo tucano, no Correio Brasiliense de ontem (09/10).




Na mesma linha do artigo publicado no Estadão de domingo, 02/10, no qual, ainda que de forma tímida, o líder tucano manifestava seu receio com o crescimento da direita no país.

Agora, no Correio, mais objetivo, diz FHC:

“Eu acho que é preciso tomar cuidado. No Brasil, neste momento, está havendo uma onda de direita, de verdade, e eu sou contra. Uma coisa é você ser contra os desvios do PT, outra coisa é apoiar a onda de direita, a bancada da bala (…) Acho que não precisa entrar nessa onda direitista do ponto de vista de costumes, isso é delicado.”

“Doutor Fausto” é uma obra belíssima com a qual Thomas Mann, intelectual e escritor alemão, constrói um universo social de artistas e intelectuais. Narrada pelo amigo e professor Zeitblom, é a história do músico Adrian Leverkühn, que, como o Fausto da lenda, vende a alma ao Diabo a fim de viver o suficiente para realizar sua grande obra.

TM trabalha os personagens do romance, acompanhando seu amadurecimento, os caminhos traçados por cada um, combinando música, política e realidade num panorama em que a figura do artista encarna a própria ruína de seu país, a Alemanha, com a ascenção do nazismo e a guerra.

Os tucanos no país, liderados por FHC, com a ajuda decisiva do senador Aloysio Nunes Ferreira, ex-ALN, ex-PCB, ex-exilado, fomentaram um clima de perseguição ao governo constitucional de Dilma Rousseff e ao PT. Aloysio foi o autor da palavra de ordem: “Eu quero ver a Dilma sangrar”.

Se uniram – como “Faustos” pós-modernos, vaidosos, ambiciosos, escroques da política – à direita mais desqualificada e reacionária, para o linchamento de Dilma, Lula e o PT. Articularam a farsa do impeachment, pagando figuras bizarras como a advogada Janaína Paschoal para fazer o “trabalho sujo”, enquanto teciam acordos com Agripino Maia, Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro e os pastores evangélicos da política.

Venceram? Em parte sim. Derrubaram o governo legítimo.

Participam do governo do usurpador, com cargos de destaque, mas com o desconforto de apoiar um ministro da Justiça, tucano, que é a expressão acabada do reacionarismo. Começam a se sentir incomodados com o apetite da direita.

FHC se assustou com o crescimento da dupla Alckmin + Doria em SP, com o crescimento da família Bolsonaro no RJ e com o fenômeno Marchezan no RS. FHC, José Serra e Aloysio Nunes, os ex-democratas e que se autodefinem (sic) como de centro-esquerda, começam a perceber que cairam no drama faustiano.

Venderam a alma ao diabo, pelo poder. Poder que foram incompetentes para conquistar nas urnas, batidos no julgamento popular por quatro vezes seguidas.

Patrocinaram a regressão política do país, cuspiram no prato da democracia, agora buscam uma saída para não entregarem à direita o que prometeram.

Políticos que se comportaram como impostores, intelectuais medíocres, sequer leram e se leram nada entenderam do Doktor Faustus, que Thomas Mann começou a escrever em 1943 e publicou em 1947. Lamentável!
Por Claudio Guedes

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