Duas canções para Lula

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Publicado em Socialista Morena – 

Artistas de Brasília divulgam músicas pela libertação do ex-presidente, preso há mais de um ano nas masmorras da Lava-Jato

Artistas de Brasília divulgaram duas canções pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por perseguição política há mais de um ano nas masmorras da Lava-Jato em Curitiba.

Emocionada com a notícia da morte do netinho de Lula, Arthur, em março, a cantora e compositora Danú Gontijo, da dupla Tatá e Danú, compôs uma canção triste e bela, a Canção urgente para Lula. Sua amiga cineasta Lena Tosta filmou Danú em casa, um voz e violão intimista e delicado.




Gostaríamos muito que a mensagem pudesse dar um afago no peito de Lula, como esperamos que seja um afago para toda a militância. Para além do afago, é um grito contra o arbítrio, o sequestro da Justiça, a normalização do absurdo

“A amiga Lena, antes de partir para um período de residência artística no exterior fez, na véspera, essa filmagem simples e sensível, entendendo a urgência da canção. Gostaríamos muito que a mensagem pudesse chegar ao Lula e lhe dar um afago no peito, como esperamos que seja um afago para toda a militância. Para além do afago, este é um grito contra o arbítrio, o sequestro da Justiça, a normalização do absurdo”, escreveu a cantora no facebook.

O ex-presidente recebeu em pendrive e está gostando de ouvir a voz suave de Danú antes de dormir em sua cela.

Canção urgente para Lula
(Danú Gontijo)

Se eu tivesse o poder de sedar a dor
Sedaria, por certo, a dor de perder um neto
A dor de estar cativo sob o jugo do inimigo
A dor de ver o povo na lábia de um boçal
A dor colossal de ver Marisa ir
Se eu tivesse o poder de restituir
O direito que é tão direito
Que juiz nenhum anula
E, se hoje é dor, logo é motor
Não tarda como chama se articula
Não só no peito onde a vida ainda pulula
Mas no meio de quem frente à maldade se encabula
E reformula

Luta, melhor tempo virá
Lula, fé que o tempo vira
Luta, outro tempo virá
Luta, melhor tempo

Já a Canção pela Libertação, com letra de Eduardo Rangel e música do maestro Joaquim França, surgiu de uma conversa entre os dois e reuniu 140 pessoas num coral ao estilo We Are The World, entre músicos, cantores e técnicos, no Teatro dos Bancários. Estavam lá a cantora Suzana Mares, o rapper GOG, a flautista Beth Ernest Dias, o guitarrista Haroldinho Mattos, o ator Murilo Grossi, o pianista Rênio Quintas… Com direito ao solo do trompetista Fabiano Leitão no final e seu indefectível Olê, Olê, Olê, Olá, Lula, Lula.

Em comum, o sentimento de “revolta com a atual situação do país, a ruína das instituições, o tanto que se rasgou a Constituição desde o golpe de 2016, a justiça partidária, a prisão encenada para tirar Lula das eleições, as fake news e os diversos golpes recentes em nossa democracia”, como diz Rangel.

Béldan, a cidade de exílio da canção, é um não-lugar, uma Pasárgada ao revés, para onde não se quer ir. “Béldan virou meme. Começou a entrar em tudo quanto é piada da nossa turma e além. Vai pra Béldan! Vou te mandar pra Béldan, viu?”

O cineasta Douro Moura e a produtora Trupe do Filme, de João de Castro, toparam a empreitada de filmar a galera. O projeto teve ainda a parceria do Durand Estúdio Produção e do técnico Emanuel Camarão; todos os artistas e técnicos trabalharam gratuitamente.

Béldan, a cidade de exílio da canção, é um não-lugar, uma Pasárgada ao revés, para onde não se quer ir. “Béldan é um lugar que não existe, eu inventei”, conta o músico. “Pensamos em colocar o nome de uma cidade real, mas isso poderia soar ‘desconfortável’ para vários amigos e ídolos nossos que estão exilados, como Jean Wyllys, Chico Buarque, Marcia Tiburi, meu parceiro Marcio Faraco… Pessoas que tiveram de se ausentar do país, pois eram agredidos e ameaçados cotidianamente nos atos mais simples, como sair na rua pra comprar pão. Béldan era a princípio algo a ser mudado, mas aí virou meme. Começou a entrar em tudo quanto é piada da nossa turma e além. Vai pra Béldan! Vai se exilar em Béldan! Vou te mandar pra Béldan, viu? As pessoas especulando sobre o que seria Béldan já rendeu e ainda rende vários palpites incrivelmente divertidos. Simplesmente, não deu mais pra mudar.”

Canção pela Libertação
(Música: Joaquim França; Letra: Eduardo Rangel)

Pra vencer a farsa que se faz
Devolver toda a verdade à paz
Precisa mais que ser um só
Mais que adoecer, mais que silenciar
Mais que cantarolar esta canção

Não há razão pra se esconder
Partir, se exilar em Béldan
Quem foge de um país que criou
Se culpas não tem
Se só germinou o bem

Confinados em cela igual
Somos nós todos reféns, porém
Não se negocia a dignidade
Por nada aquém, nada além

Lula, nós vamos te libertar
Pra gente também se livrar
Da prisão nesse pesadelo

Lula, de Bangkok à Guiné-Bissau
Denunciam a farsa local
E um coral se ergue a você

Nas leis, escolhem quem trancar
E alguns que é de bom tom perdoar
Nas redes, a mentira a granel
Pra vencer eleição
Jogar irmão contra irmão

Na praça, os tanques a mirar
Em esperanças de guris, fuzis
Mas enquanto houver a fome há saudade
De um Brasil, que repartiu

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