História dramática vivida por Juliana Magalhães, de 23 anos, é extremamente confusa e sem sentido. Entenda os crimes e a acusação que paira sobre a jovem
POR HENRIQUE RODRIGUES, COMPARTILHADO DA REVISTA FÓRUM
Juliana Peres Magalhães tem 23 anos e foi para os EUA há dois para trabalhar como babá e realizar um intercâmbio nesse período, algo bastante comum entre jovens brasileiras. Ele estava empregada na residência do casal Christine e Brendan Banfield, num bairro de alto padrão de Reston, no condado de Fairfax, na Virgínia, onde as casas valem mais de um milhão de dólares. Ela cuidava de uma menina de quatro anos, filha dos patrões.
A vida de Juliana mudaria drasticamente na manhã de 24 de fevereiro deste ano, quando um homem chamado Joseph Ryan, de 39 anos, apareceu no imóvel. Resumidamente, não se sabia exatamente quem ele era e nem por que teria ido até a residência do casal Banfield. O fato é que, minutos depois de ingressar no local, a patroa estava ferida de forma gravíssima, aparentemente por golpes de faca, e Ryan estava morto a tiros dentro da casa. Christine não resistiu e morreu durante o resgate.
Brendan, o marido, que tinha saído havia pouco tempo do imóvel para trabalhar, é um agente do FBI, espécie de polícia federal dos EUA. Descobriu-se depois que Ryan era alguém que teve um relacionamento com a esposa dele, Christine, mas não ficou claro se foi um namoro (ou caso) antes do casal formalizar sua união ou se se tratou de uma relação extraconjugal.
Naquela fatídica manhã, segundo dados oficiais de um comunicado do Departamento de Polícia de Fairfax, Juliana chegava para trabalhar quando viu, poucos metros à sua frente, Ryan, para ela um desconhecido, entrar na casa. A brasileira teria ligado imediatamente para Brendan, que voltou correndo.
Uma ligação para o 911 foi realizada. Precisamente às 7h53 uma pessoa ligou, mas desligou antes de falar qualquer coisa. Passados 13 minutos, uma nova chamada foi feita e quem falava era Juliana, a babá brasileira. Tudo já havia acontecido. Apavorada, ela disse que alguém “havia machucado sua amiga”, ocasião em que o telefone foi tirado de sua mão por Brendan, o agente do FBI e seu patrão, que assumiu a comunicação do crime às autoridades e disse que “além da esposa ferida a facadas” ele havia “atirado no agressor”.
Quando a polícia chegou ao local, Ryan já estava sem vida, ao passo que os paramédicos tentavam salvar Christine, embora isso não tenha sido possível. A criança, filha do casal e que era cuidada pela jovem brasileira, estava ilesa num quarto da casa. Tudo foi encaminhado pelos policiais e então começou uma investigação sobre o ocorrido.
Meses depois, Brendan foi intimado para depor e simplesmente disse que não falaria nada, limitando-se apenas a negar que tivesse atirado em Ryan, algo bem diferente do que ele havia dito ao telefone para a operadora do 911 no momento do crime.
A mãe da acusada, Marina Peres Souza, disse à reportagem da Folha de S.Paulo que a filha conversou com ela todos esses meses porque o caso estava sob investigação e ninguém havia sido acusado por nada relacionado ao trágico evento. Ela disse que a filha contou que “atirou contra Ryan para se defender e defender a família”, embora sejam incompreensíveis alguns pontos dessa versão, como o fato de Juliana não ter uma arma, não saber atirar e estar acompanhada de um agente do FBI, este sim um profissional altamente qualificado para isso, e armado com uma pistola automática.
Segundo Marina, a mãe da babá brasileira, a jovem havia garantido que o caso estava arquivado. No entanto, na terça-feira (17), ela teria ficado sabendo que a filha era formalmente investigada por assassinato. Dois dias depois, na quinta-feira (19), a Justiça expediu seu mandado de prisão e ela foi recolhida ao Centro de Detenção de Adultos do Condado de Fairfax.
De acordo com a família, não há informações de que o Itamaraty esteja atuando no caso, tampouco se algum advogado já havia sido constituído para defender Juliana, que segue detida aguardando julgamento.