Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, via Facebook
Conheci bem o publicitário Duda Mendonça, falecido hoje, 16 de agosto. Tive o contato inicial durante uma campanha à Prefeitura de São Paulo em que o baiano obteve a proeza de fazer parecer que Paulo Maluf era um ser humano capaz de ter sentimentos. Depois, Duda enfiou na cabeça que eu não gostava dele porque, cobrindo o PT pela Folha, lembrava sempre nas matérias que ele se consagrara nacionalmente no marketing político ao trabalhar por Maluf. Era uma menção jornalisticamente importante, mas que causava problemas a Duda, que tentava obsessivamente entrar para a campanha de Lula em 2002 num PT que ainda não era pragmático. Duda conseguiu o contrato, passou a me respeitar mais e o resto é história.
O que posso falar de Duda em campanhas? Nunca vi alguém de sua área que soubesse ler tão bem pesquisas qualitativas (as mais importantes) como ele.
Duda foi campeão também em captar imagens e mensagens que o povo queria ver e ouvir. Sabia como ninguém sentir o que o eleitorado almejava de um candidato e travava brigas históricas dentro das campanhas para fazer valer sua intuição.
Despolitizava as discussões? Sim. Não era político, era um genial publicitário que dividia o tempo entre sua criação de galos de briga e jornadas de trabalho obsessivas que lhe rendiam muito dinheiro.
A última conversa que tive com Duda faz muitos anos. Na verdade, foi uma bronca por ter passado parte de férias em Salvador com minha filha num hotel, sem ter recorrido à hospedagem que sempre oferecia a jornalistas (alguns aceitavam na cara dura).
Duda Mendonça foi o publicitário que melhor soube conquistar votos para seus clientes. Era a sua função. Até hoje, não apareceu alguém como ele.
Vá em paz, baiano.