“É assim que a banda toca…”

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Carlos Eduardo Alves pelo Facebook – 

A dupla Cunha-Temer conseguiu um respiro financeiro importante, o mesmo que foi negado ao governo Dilma. Politicamente, o resultado é que ganhou fôlego para não aplicar imediatamente a pancada inevitável na Saúde e na Educação dos pobres. Ficou para depois da confirmação do golpe e das eleições municipais. Como plus, fez um agrado salarial a várias categorias do funcionalismo, incluindo aí a indecência do aumento do Judiciário.

Carlos Eduardo Alves

Sempre achei, e continuo acreditando, que a reação popular relevante ao golpe só ocorrerá quando os efeitos do chicote aos direitos chegarem aos mais pobres. Até lá, abre-se um vácuo nas áreas progressistas que mistura luto, desencanto, revolta, dificuldade na autocrítica e, como sempre, ingenuidade e oportunismo, que muitas vezes caminham juntos na esquerda.




Nas críticas a Lula e ao PT, abre-se o caminho para a busca, legítima, da “nova esquerda”. Esse discurso tem espaço para tudo. Desde ultraesquerdistas que acreditam que estamos em condições propícias para sublevação até sonhadores que acreditam que estilingues e flores bastam para combater golpistas. E os sem-voto históricos que negam qualquer avanço nos governos que sucederam FHC.

A juventude vem tendo um papel essencial para manter vivo o Fora Temer, assim como as mulheres que percebem que seus direitos básicos serão amassados pelos primitivos liderados por Cunha. Mas lamento falar o óbvio: não serão os comoventes secundaristas que derrubarão quem golpeou a Constituição. Se isso ocorrer, será pela luta de seus pais trabalhadores quando perceberem que o seu SUS vai definhar e a escola de seus filhos, cada vez mais sucateada.

Não se combate com sucesso o avanço da extrema direita, contando agora com o aval dos religiosos medievais, sem contar com base social organizada e movimentos sociais. Lamento, mas é assim que a banda toca.

É platitude apenas acreditar que cânticos e bumbos juvenis serão capazes de derrotar a aliança entre o mais atrasado e o poderoso que se formou em torno de Cunha-Temer. Não temos um Podemos aqui e nem teremos no curto prazo. Que se combata os equívocos dos últimos governos de esquerda, ou que se diziam de esquerda, ao gosto da interpretação de cada um. Mas que se tenha a honestidade intelectual de revelar os propósitos.

Se o objetivo é criar as bases da tal “nova esquerda”, seja lá o que isso signifique, legítimo. Mas que se deixe claro que com isso abre-se mão do enfrentamento direto, real, com o golpe que vai levar direitos de trabalhadores e pobres.

Pq., nem precisa ser cá entre nós, não se derrota um conglomerado tão forte como o golpista apenas com sonhos. Os sonhos provavelmente chegarão tarde para os mais frágeis e não há chance de enfrentar o avanço da direita sem base social organizada. E isso quem ainda tem não são as seitas políticas.

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