É coisa de preto!

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, compartilhado de Projeto Colabora

Racismo de apresentador vira celebração das inestimáveis realizações do povo negro

Barack Obama e Nelson Mandela, dois incontestáveis exemplos "dessa coisa de preto". Foto Brendan Smialowski
Barack Obama e Nelson Mandela, dois incontestáveis exemplos “dessa coisa de preto”. Foto Brendan Smialowski

Quis o destino que justo no mês da consciência negra aflorasse o racismo de William “É coisa de preto” Waack. Mas o jogo virou lindamente. Desde a divulgação do vídeo, a brutalidade foi, como se diz hoje em dia, ressignificada como expressão da potência de um povo e transformada em exaltação da negritude. Então, formou: tem muita, mas muita “coisa de preto” a ser celebrada – e o #Colabora procurou autoridades no assunto, como Flávia Oliveira e Luiz Antonio Simas, para oferecer uma modesta lista de preciosidades que vieram dos negros.

1 – Música é muito coisa de preto! De Cartola a Louis Armstrong, de Pixinguinha a Angelique Kidjo, de Dona Ivone Lara a Cole Porter, de Clementina de Jesus a Nina Simone, boa parte da música do mundo é obra dos negros. De presente, dois exemplos preciosos:




Angelique Kidjo:

 

Cartola:

2 – Guitarra também é coisa de preto! Porque é negro o maior de todos os tempos no instrumento, Jimmy Hendrix.

3 – Pop é coisa de preto! Michael Jackson, Beyoncé e Rhianna. Nem precisa mais, né não?

Michael Jackson

Rihanna (com um bilhão de visualizações!!)

 

4 – Festa é completamente coisa de preto! O espetáculo único das escolas de samba cariocas, mistura de ritmo e beleza que encanta o mundo, foi inventado pelos negros. Há quase um século, sobrevive a inimigos variados e poderosos, como a grande festa popular brasileira.

5 – Literatura é coisa de preto! O “Dom Casmurro” de Machado de Assis; o “Meio sol amarelo” de Chimamanda Ngozi Adichie, o “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus; “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto. Só obras-primas.

Dom Casmurro, um dos clássicos da literatura nacional. Foto Reprodução
Dom Casmurro, um dos clássicos da literatura nacional. Foto Reprodução

5 – Poesia é coisa de preto! Entre muitos exemplos, estão os poemas da criação dos 256 odus de Ifá, a sabedoria oracular dos iorubás, ferramenta poderosa para resolução de problemas. Histórias míticas, que oferecem princípios para dirimir conflitos e confusões interpessoais.

6 – Cinema é coisa de preto! De Spike Lee, Antônio Pitanga, Denzel Washington, Ruth de Souza, Halle Berry – que elenco!

Halle Berry, vencedora de dos prêmios Oscar, Emmy, Globo de Ouro, SAG Award e Urso de Prata. Foto Divulgação
Halle Berry, vencedora de dos prêmios Oscar, Emmy, Globo de Ouro, SAG Award e Urso de Prata. Foto Divulgação

7 – Escultura é coisa de preto! Basta ver as magníficas criações em bronze do Igbo Ukwu e as impressionantes máscaras de Ilê Ifé, na atual Nigéria; os inquices dos Congos, os trabalhos em ferro dos Abomei, no Benin (o antigo reino do Daomé); ou as obras primorosas dos artistas da tribo Makonde, na Tanzânia.

8 – Infraestrutura é coisa de preto! No século XIX, os irmãos baianos André e Antônio Rebouças, engenheiros, fizeram o ousado projeto da estrada de ferro entre Curitiba e o porto de Paranaguá. André ficou famoso no Rio ao solucionar o problema do abastecimento de água da então capital. Reconheceu o sobrenome? Sim, eles emprestaram ao Túnel Rebouças, a principal ligação entre as Zonas Norte e Sul da cidade.

9- Ciência é coisa (antiga) de preto! De Imhotep (2655-2600 a.C.) foi um gênio egípicio, chanceler do faraó Djoser, considerado o primeiro médico da história antiga. Ele também era escritor, mago, astrólogo e filósofo.

10 – Ciência continua sendo coisa de preto! De Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, pioneiras da Nasa que possibilitaram, com seu trabalho, a ida do homem ao espaço.

Os irmãos André e Antonio Rebouças, engenheiros e abolicionistas. Foto Reprodução
Os irmãos André e Antonio Rebouças, engenheiros e abolicionistas. Foto Reprodução

11 – Esporte é coisa de preto! De Pelé, o atleta do século, a Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico do salto triplo; de Michael Jordan a Usain Bolt; de Rafaela Silva, nossa campeã olímpica de judô, a Isaquias Queiroz, medalhista da canoagem; de Jesse Owens, o americano que desmoralizou o nazismo ao conquistar quatro medalhas de ouro nos Jogos de Berlim, a Abebe Bikila, o etíope filho de um pastor de ovelhas que, correndo descalço, venceu duas maratonas olímpicas. E de Lewis Hamilton, tetracampeão de Fórmula 1.

12 – Liberdade é coisa de preto! A ela, Martin Luther King e Nelson Mandela dedicaram a vida. Como Zumbi, Aqualtune e Dandara, guerreiros da liberdade do povo negro no Brasil do século XVII, no Quilombo dos Palmares.

13 – Atitude é coisa de preto! A trajetória dos casais Barack e Michelle Obama, nos Estados Unidos (e no mundo), e Lázaro Ramos e Taís Araújo, no Brasil, contribui decisivamente na luta contra a discriminação.

14 – Coragem é coisa de preto! De Rosa Parks, a americana que não cedeu lugar a um branco, no ônibus em 1955, e virou símbolo da luta pelos direitos civis. De Teresa de Benguela, líder que resistiu à escravidão no século XVIII, como rainha do Quilombo de Quariterê, no atual Mato Grosso.

BÔNUS: O funk que resumiu toda a coisa de preto num refrão lacrador.

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