Enquanto governos petistas empreendiam um projeto ambicioso de extração do petróleo do pré-sal, analistas anunciavam a suposta decadência dos derivados de petróleo13 de março de 2022, 10:06 h Atualizado em 13 de março de 2022, 10:46
Compartilhado de Brasil 247
Por Paulo Moreira Leite, 247 – Na semana em que o preço da gasolina cravou um salto de 82% contra 42% de inflação, o economista Sérgio Gabrielli concedeu uma entrevista a Paulo Moreira Leite, na TV 247. No depoimento, passou a limpo quatro anos de ataques à Petrobrás, iniciados no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), após o golpe que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), acompanhados do projeto destrutivo aplicado por Jair Bolsonaro (PL) e Paulo Guedes, num curso danoso que segue em nossos dias.
Lembrando analistas que anunciavam a decadência dos derivados de petróleo como mercadoria de primeira necessidade, Gabrielli não pôde evitar um momento de ironia: “e diziam que o petróleo já não era importante”.
Na entrevista, Gabrielli faz um balanço da invasão da Ucrânia pelas tropas russas e recorda que o valor estratégico do petróleo é um fato bem conhecido pela maioria dos governos, desde o início do século passado. “Até Lenin teve de enfrentar as grandes petroleiras de sua época,” recorda, numa referência do líder da revolução bolchevique de 1917.
Economista de formação, Gabrielli esclarece que os lucros do negócio – a chamada “renda petroleira” no jargão dos especialistas – constituem uma das atividades mais lucrativas da história do capitalismo, o que explica um estado permanente de disputa e conflito em torno das reservas e mercados de cada país.
Presidente do Conselho da Petrobrás entre 2005 e 2012 – o mais longo mandato em quase 70 anos de história da empresa – Gabrielli liderou a estatal brasileira numa fase de crescimento acelerado e alta de investimentos, que a transformaram na 5ª maior petroleira do planeta. Também foi neste período que, sob comando do engenheiro Guilherme Estrella, a empresa confirmou sua competência em pesquisa de águas profundas e ultraprofundas, descobrindo as reservas do pré-sal que, tratadas com pouco caso na época, hoje respondem por 70% do petróleo consumido no mercado brasileiro.