Ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem disse não se lembrar dos documentos com relatos a Jair Bolsonaro
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Em depoimento à Polícia Federal (PF), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, foi questionado sobre documentos encontrados em seu e-mail que continham orientações para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os textos encontrados nos e-mails continham ataques às urnas eletrônicas e à lisura das eleições, além de relatos sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), informam as jornalistas Paolla Serra e Mariana Muniz, em matéria publicada em O Globo.
Ramagem é investigado por exercer um suposto papel de comando em esquema ilegal de espionagem e perseguição de adversários políticos de Bolsonaro por meio de operações informais da Abin.
No depoimento, ele reconheceu que costumava escrever textos “para comunicação de fatos de possível interesse” do ex-presidente, mas afirmou não se lembrar se essas mensagens foram passadas adiante.
Em um dos textos, guardados em formato de word no arquivo “Presidente TSE informa.docx” há uma orientação para traçar uma estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.
“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos.”
Em seguida, sugere que Bolsonaro mine a confiança das urnas eletrônicas com informações falsas. “(…) a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente.”
No arquivo encontrado com Ramagem, também aparece a descrição de como foi constituído grupo de confiança para “trabalho de aprofundamento da urna eletrônica”, que contaria com a ajuda do major da reserva do Exército Angelo Martins Denicoli.
Ramagem: ‘golpe’ no TSE
Em outro arquivo, Ramagem recomenda a Jair Bolsonaro parta para o enfrentamento. Ainda sobre as eleições de 2022, diz: “(…)não houve apenas quebra de paradigma na sua eleição, mas ruptura com esquema dos poderes. (…) nenhuma crise conseguiu enfraquecer sua base e não aparenta haver políticos à altura de vencê-lo em 2022.”
O texto segue fazendo afirmações sem fundamento sobre suposto golpe no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro. “Há armadilhas sendo colocadas. O inquérito do Celso de Mello possui relação com o inquérito das fake News do Alexandre de Moraes com intuito de fundamentarem o golpe no TSE.”
