Por Darcio Ricca –
É mais fácil desistir da seleção brasileira, que era nosso patrimônio público e a CBF tomou-a de assalto, de forma privada e negocial, até o “bagaço da laranja”.
É mais fácil pedir a Marta na seleção principal que tentar entender o que está acontecendo, em quase 30 anos de história!
É mais fácil mascarar a situação com duas Copas do Mundo vencidas por 2 ou 3 craques e deitar em berço esplêndido, quentinho, enquanto o mundo nos copiava e evoluía, com suor e trabalho!
É mais fácil ter medo e entrar dentro da casca do ovo, como Gabriel Jesus entre os zagueiros e Fred, Hulk e Oscar na última Copa.
É mais fácil esquecer quem comanda nosso futebol que tentar entender o esforço de treinador e jogadores, mesmo não dando nada certo!
É mais fácil digitar neste espaço que treinar.
É mais fácil dar pitacos que procurar um trabalho psicológico porque não é falta de empenho e não é grossura técnica. É correr contra o atraso!
É mais fácil vestir a camisa da CBF nas passeatas do que entender o que esta sigla realmente representa hoje!
É mais fácil dar um golpe com falácia de mudança que realmente brigar por uma gestão ao menos decente!
É mais fácil se emocionar com momentos que planejar.
É mais fácil não precisar entender e rir que arregaçar as mangas.
É mais fácil ligar o “dane-se” que ligar o “fazer alguma coisa”!
É mais fácil ir para o tudo ou nada que pensar coletivamente.
É mais fácil “dar de ombros” que se indignar.
É mais fácil apontar o dedo que se reconhecer!
É mais fácil desprezar que entender que somos humanos e falíveis!
Na seleção masculina de futebol, estamos falhando e muito, mesmo que a vontade de acertar seja grande. Perde o valor porque não dá resultado. 14 dias contra os quase 30 anos de atraso coletivo, gradual, nocivo e preguiçoso!
Devemos “fechar o buteco”? Mais uma vez trocar, mudar, dar voltas em si mesmo, é melhor?
No nosso país, igual nossa seleção, damos voltas em nós mesmos e em círculos, deitamos no orgulho, cobramos o resultado imediato, corremos no desespero, ofendemos o outro, humilhamos e batemos forte no mais fraco, respiramos intolerância!
É bem mais fácil assistir a tudo do sofá, das cadeiras caras e numeradas, das redes sociais!
Muitos defeitos e muita vontade séria e preparada para acertar!
É bem mais difícil reconstruir, ou melhor, ressuscitar o que, a cada dia, ajudamos a destruir!
Foto: André Borges/ Agência Brasília