Irmão do ex-prefeito petista disputa a eleição este ano como vice numa chapa encabeçada por candidata do PT
Por Antonio Mello, compartilhado de Fórum
Para enterrar de vez a pergunta “E o Celso Daniel?”, que a direita e a extrema direita fazem com o intuito de levantar suspeita de assassinato político do ex-prefeito petista Celso Daniel, o irmão de Celso, Bruno Daniel, sai candidato a vice-prefeito de Santo André este ano, em aliança de seu partido PSOL com o PT de Bete Siraque na cabeça da chapa. Uma aliança que sepulta de vez boatos e insinuações sobre o caso do assassinato de Celso Daniel.
Bruno também chegou a pensar em crime político durante um tempo. Agora, para explicar sua candidatura como vice de chapa encabeçada pelo PT, que a direita envolve criminosamente no assassinato do irmão, Bruno “diz que nunca atribuiu nada ao partido e que sua briga sempre foi para descobrir quem participou do assassinato“.
Nas últimas eleições municipais, Bruno concorreu ao cargo de prefeito pelo PSOL e chegou em terceiro lugar. Dessa vez ele diz que houve um alinhamento das forças progressistas para barrar o autoritarismo na cidade.
Bruno afirma que deseja resgatar as experiências inovadores das gestões de seu irmão, incorporando o que existe de novo. Um dos exemplos é a escuta da população, que na época da Celso foi feita por meio do orçamento participativo e que hoje poderá contar também com o auxílio de aplicativos.
“A gente fala na pré-campanha de ‘escutar e construir’. A gente vai conversar com as pessoas nas ruas, nas casas, com organismos da sociedade civil. A gente escuta e processa demandas e incorpora aquilo que a gente considera importante, coisas que a gente não percebe”, explica. [Folha]
“Caso Celso Daniel está concluído e foi um crime comum”, diz autor de livro sobre o assunto
O jornalista e escritor Eduardo Luiz Correia se debruçou sobre o caso durante anos, pesquisa que resultou em sua tese de doutorado na Universidade de Brasília (UNB), que se transformou no livro “Caso Celso Daniel: o jornalismo investigativo em crise”, publicado em 2017. Em conversa com a Fórum, ele foi muito claro. Todas as investigações chegaram à mesma conclusão: “não tem nenhuma conotação político-partidária aquele acontecimento”.
Eduardo inclusive ressaltou que a minissérie “O Caso Celso Daniel”, produzida pelo Estúdio Escarlate, de Joana Henning, e dirigida por Marcos Jorge, em cartaz na Globoplay, chega à mesma conclusão.
De acordo com o jornalista, quem viu a série e acompanhou as notícias, “pode considerar que o caso Celso Daniel está esclarecido. As duas versões, tanto a de mando quanto a de crime comum, acabaram sendo elucidadas, a partir inclusive da série, que coloca todo o caso que a minha tese já sinalizava nesse sentido”.
Eduardo recorda: “o Ministério Público pediu a reabertura do caso a partir de gestões com a família, pelo que me lembro uma vez, quando entrou na investigação a Dra. Elizabete Sato”. A delegada, em um primeiro momento, acreditava se tratar de um crime político. “Com o decorrer das suas próprias e novas investigações ela acabou chegando à mesma conclusão, ela corroborou a posição dos delegados que investigaram o caso no início, ou seja, de fato foi um crime comum”.
“E quem assistir a série com olhos não contaminados por crenças e posições preconcebidas, vai chegar à conclusão que o sequestro e morte do prefeito Celso Daniel de fato foi um crime comum”, encerra Eduardo.