Por Oscar Valporto, publicado em Projeto Colabora –
Centenas de alunos do Colégio Pedro II, do IFRJ, do Cefet, da Fundação Osório e do CAP-UFRJ aproveitam presença de Bolsonaro no Rio para ato de protesto
A mobilização foi rápida: os alunos do Colégio Pedro II e do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRJ) foram comunicados pela direção do corte de verbas de 36,37% na tarde de quinta-feira e, na sexta, ficaram sabendo que o presidente Jair Bolsonaro estaria presente nas comemorações pelos 130 anos do Colégio Militar, na Tijuca, na Zona Norte do Rio. A mobilização tomou conta das redes sociais durante o fim de semana. Na manhã desta segunda, centenas de alunos do Colégio Pedro II, do IFRJ, e também do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Sukow da Fonseca, da Fundação Osório e do CAP-UFRJ, além de pais, professores e funcionários estavam na porta do Colégio Militar para protestar contra o corte de verba na Educação que atinge do ensino fundamental ao ensino superior.
A manifestação foi liderada pelos alunos do Colégio Pedro II, fundado pelo Imperador em 1837, única escola federal com ensino básico que tem 14 campi nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias e quase 13 mil alunos. A #EudefendooCPII esteve no alto dos #trendtopics do Twitter no Rio de Janeiro durante o dia inteiro e entre os Top Ten do Brasil a maior parte do dia. Às 10, houve um tuitaço que mobilizou os estudantes que postaram dezenas de fotos da manifestação na Tijuca. Os estuantes gritaram: “Educação não é esmola/ o Bolsonaro quer acabar com a minha escola” e “Mamãe mandou eu estudar/ o Bolsonaro, minha escola quer fechar”.
Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou um bloqueio de 30% na verba de todas instituições de ensino federal – que, inicialmente, valeria para todas as universidades e todos os institutos de ensino superior. Posteriormente, o MEC informou as unidades o corte em cada uma delas e o Colégio Pedro II (CPII) e o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRJ) foram informados que também seriam atingidos. No comunicado de quinta-feira, os diretores do Colégio Pedro II informaram que chegaria a 36,37% e teria “implicações devastadoras” e “consequências para a manutenção” da instituição.
Tropa de choque da Polícia do Exército impediu que os manifestantes chegassem perto da entrada do Colégio Militar, mas não houve qualquer tumulto e o protesto seguiu pacificamente. Durante a solenidade, Bolsonaro anunciou a intenção de criar um colégio militar em cada estado do Brasil. O país tem atualmente 13 colégio militares – 11 em capitais. A meta presidencial exigiria a construção de 16 novas unidades.
O presidente foi alvo de um protesto quando entrava no carro para deixar a escola. A ex-aluna Maria Eduarda Pontes Sá Ferreira, 24, chamou Bolsonaro de “inimigo da educação pública”. Hoje, estudante de Direito da UFRJ, ela criticou os cortes de verba para o ensino. “A educação pública é a base da minha vida. Hoje estou me formando em Direito e gostaria de dizer para ele que ele é inimigo da educação pública”, disse aos jornalistas que cobriam o evento.