O Santo vivo que retira as pedras do caminho

Por Adriana do Amaral, compartilhado de Nova Família

Entrevista Especial: Padre Júlio Lancellotti

As imagens que ilustram esta entrevista são reproduções do Instagram do Padre Júlio Renato Lancellotti

Pároco da Capela São Miguel Arcanjo, na capital paulista, #PadreJúlioLancellotti ficou conhecido como defensor do povo oprimido e da Justiça Social. Ativista de todas as causas que valorizem a pessoa humana, em toda a sua diversidade, também se tornou a voz do #PovodaRua ao longo dos quase dois anos da #pandemia da #Covid-19 no #Brasil.

Tudo que o religioso franciscano faz ecoa no mundo todo. No passado, ele denunciou a tortura, visibilizou as condições desumanas vividas pelos encarcerados nas prisões do Brasil, protegeu os órfãos soropositivos nos tempos da contaminação pelo HIV/Aids. Atualmente, ele denuncia os maus tratos ou condutas racistas, xenóficas, transfóbicas, misógenas, preconceituosas, arbitrárias, excludentes etc..

Convidamos Padre Júlio para estrear a nossa coluna de entrevistas especiais para refletir sobre o conceito “moderno” de #Família, Confira abaixo a sapiência do religioso, que também é formador de opinião, referência em Direitos Humanos no Brasil e militante para reverter a maior crise humanitária vivida pelo povo brasileiro.

Revista Nova Família: Padre Júlio, o que o senhor entende por família? Trata-se do pequeno círculo delimitado pelos traços de sangue ou da família universal?

Padre Júlio: A família é um grupo consanguíneo, de relações primárias, mas pode ser também um grupo afetivo, de afinidades. Tem a dimensão universal: enquanto somos seres humanos, todos participamos dessa família no ecossistema e fazemos parte de toda a ecologia integral.

Revista Nova Família: Manter uma família unida ficou mais difícil com a diversidade conquistada ou a intolerância afasta as pessoas?

Padre Júlio: Como em todo grupo humano, os grupos familiares também têm situações de tolerância e intolerância, aproximação e afastamento de pessoas. É difícil dizer que é só uma questão familiar. Aliás, eu não gosto de usar o conceito família, prefiro usar o conceito de grupo familiar;

Revista Nova Família: Em relação ao Povo da Rua, sabemos que muitas dentre as #pessoasemsituaçãoderua têm em comum a exclusão em suas famílias de origem, seja pela violência doméstica, não aceitação da identidade de gênero e até mesmo separação de casais e desemprego. Como resgatar esses laços?

Padre Júlio: Resgatar os laços sempre é um processo difícil, complexo e lento. Muito além de resgatar os antigos, temos de criar novos laços de pertença, de afeto e que gerem autonomia e participação.

Seguir a Jesus é a liberdade de vida, de expressão e de humanização da vida

Padre Júlio Renato Lancellotti

Revista Nova Família: A prática da religião, seja ela qual for, une ou desagrega? Como seguir a Deus e manter a liberdade de credo?

Padre Júlio: A religião sempre é um instrumento, nunca um fim em si mesmo. Um instrumento que pode humanizar e também desumanizar. Seguir a Jesus é a liberdade de vida, de expressão e de humanização da vida

Jesus, Maria e José, hoje, estão pelas estradas do mundo

Padre Júlio Renato Lancellotti

Revista Nova Família: Jesus, Maria e José viveram a intolerância do tempo histórico vivido. Em sua opinião, qual o paralelo podemos trazer para a realidade atual?

Padre Júlio: Jesus, Maria e José eram uma família de imigrantes, de fugitivos, de refugiados como milhares de famílias que hoje vivem essa mesma situação. O refúgio implica em fugir, ter de ser proteger e buscar asilo, seja politico seja humanitário, em algum lugar. Hoje, Jesus, Maria e José estão pelas estradas do mundo

Revista Nova Família: O Senhor teria alguma passagem da Bíblia preferida? Poderia compartilhar com os nossos leitores?

Padre Júlio: Os evangelhos são cheios de novidades e de situações desafiadoras para a humanização da vida. Nós poderíamos partilhar o texto do capítulo 5 do Evangelho de Mateus: As bem aventuranças. A nova aliança de Deus que não é mais a Lei, mas é o Amor.

Revista Nova Família: Com o seu bordão “força e coragem” o Senhor nos ilumina, inspira. De onde vem essa sua coragem, que parece não ter limites?

Padre Júlio: Eu creio que a Força e a Coragem vêm da nossa fraqueza, da nossa resistência e perseverança nesse momento tão difícil da História. Não desaminar e enfrentar os desafios: por isso, Força e Coragem.

Revista Nova Família: O #PapaFrancisco disse recentemente que o amor nunca é grande ou pequeno, mas é transformador. Como amar em tempos de ódio? O amor realmente não tem credo, classe social, opinião?

Padre Júlio: Como diz o Papa Francisco na Encíclica #FratelliTutti, o amor é para todos. Até para os tiranos, pois amar o tirano é tirar da mão dele a tirania.

Amar o tirano é tirar da mão dele a tirania

Padre Júlio Renato Lancellotti

Pregando o amor aonde estiver. Assim segue Padre Júlio na vida!

Padre Júlio tem 73 anos e completará 38 anos de devoção, em abril. Seja no altar da pequena Paróquia São Miguel Arcanjo, na cidade de São Paulo, tudo o que ele diz é ouvido, por afetos e desafetos. São mais de um milhão seguidores nas mídias sociais, que ele mesmo administra. Suas missas dominicais, transmitidas pelo #YouTube e #Facebook, além das postagens no #Instagram, atingem milhares de pessoas, em todo o Brasil e partes do mundo. No púlpito ele traduz a #Bíblia para a linguagem acessível, relacionando os ensinamentos sagrados à realidade atual.

É nas ruas, principalmente do centro velho da capital paulista, porém, que a dimensão da figura humana do padre Júlio se faz sentir. E foi sempre assim. Seja frente à Pastoral do Povo da Rua, Carcerária e da Criança e do Adolescente, só para citar algumas das linhas de atuação do religioso. É no relento e nas prisões que ele encontra Jesus personificado a cada pessoa marginalizada, doente e excluída.

A fé em Deus e as diretrizes da #TeologiadaLibertação norteiam a sua jornada. No seu “mantra” e benção ele repete: Força e coragem. Não desaminem.

Celebramos Padre Julio Lancellotti, benditas sejam as suas palavras!

Jesus não está acima, mas no meio de nós

Padre Júlio Renato Lancellotti

Para quem quiser contribuir para as ações do padre Julio Lancellotti:

Paróquia de São Miguel Arcanjo

Banco: Bradesco 237

Agência:0299

Conta corrente: 034857-0

CNPJ: 63.089.825/0097-96