“Eclipse”, poema de Carlos Assumpção

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Eclipse (Carlos Assumpção)

Olho no espelho




E não me vejo

Não sou eu

Quem lá está

 

Senhores

Onde estão os meus tambores

Onde estão meus orixás

Onde Olorum

Onde o meu modo de viver

Onde as minhas asas negras e belas

Com que costumava voar

 

Olho no espelho

E não me vejo

Não sou eu

Quem lá está

 

Senhores

Quero de volta

Os meus tambores

Quero de volta

Os meus orixás

Quero de volta

Meu Pai Olorum

Em seu esplendor sem par

Quero de volta

O meu modo de viver

Quero de volta

As minhas asas negras e belas

Com que costumava voar

 

Olho no espelho

E não me vejo

Não sou eu

Quem lá está

 

Séculos de destruição

Sobre os ombros cansados

Estou eu a carregar

Confuso sem norte sem rumo

Perdido de mim mesmo

Aqui neste lado do mar

Um dia no entanto senhores

Eu hei de me reencontrar

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