Eduardo Gudin resgata composições com a afinada cantora Léla Simões

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Poe Augusto Diniz, publicado em Carta Capital – 

Registro lançado pela dupla tem também composição inédita com Arnaldo Antunes

Eduardo Gudin e Léla Simões (Selo Sesc) é um registro para sentar e ouvir com atenção. Com ele se descobrirá canções com refinamento musical em letra e melodia numa voz leve e afinada.




O cantor e compositor recolheu nove músicas de sua vasta obra e as regravou neste seu 17º álbum de carreira, acrescentando duas composições novas.

“Como tinha feito um disco de músicas inéditas em 2015 (Eduardo Gudin & Notícias dum Brasil 4), senti prazer de mexer em músicas minhas que não tiveram a divulgação de outras, e são até melhores em relação àquelas que fizeram sucesso”, afirma ele.

E por que a participação da violonista de formação Léla Simões, em seu primeiro registro fonográfico como cantora?

“Fiquei fascinado com a voz dela, na primeira vez que a ouvi no Bar do Alemão (bar do próprio Gudin em São Paulo com música ao vivo todos os dias). Fechei os olhos, ouvi como a gente tem que ouvir, só a voz. Depois, fizemos um show voz e violão e senti que dava certo com minhas músicas.”

Composições com Cacaso, Paulinho da Viola e Paulo César Pinheiro

O disco abre com a bela canção Alma (Gudin e Cacaso), uma combinação magnífica de letra e melodia. As regravações seguem com Samba de Verdade (com Costa Netto), Não sou Rei (só do Gudin), Sempre se Pode Sonhar (com Paulinho da Viola), Elegância Antiga (Gudin), Luzes da Mesma Luz (com Sérgio Natureza), Obrigado (Gudin), Condição de Vida (com Paulo Vanzolini) e O Cristal e o Marfim (com Paulo César Pinheiro).

Sobre as inéditas

As duas inéditas são Mão de Orfeu (Gudin, Toquinho e Paulo César Pinheiro) e Somos Sóis (Eduardo Gudin e Arnaldo Antunes), que fecha o disco.

Mão de Orfeu foi feita em homenagem a Baden Powell. “Fiz a primeira parte da melodia e Toquinho, a segunda. Paulinho, claro, escreveu a letra.” Participam da faixa cantando o próprio Toquinho e ainda Renato Braz.

Já Somos Sóis é a primeira gravação da parceria de Gudin com o Arnaldo Antunes.

“Sempre gostei dele como poeta e ser humano. Gostaria de compor para ele uma bossa nova típica, que não é fácil fazer, mesmo para os compositores criados no gênero. Às vezes fazem aquele samba lento, com a mesma batida, mas não tem o espírito da Bossa Nova. Mas consegui isso e dei para ele (Arnaldo Antunes) fazer a letra.” O resultado revela profícuas parcerias no futuro dos dois grandes músicos.

O disco com Léla Simões aparece Eduardo Gudin no violão além da voz. O trabalho, aliás, é quase de voz e violão, com leves incursões instrumentais, colocando à prova as características sonoras da voz de Léla.

A cantora também toca seu violino em quatro faixas. Participam ainda do álbum o baixo sempre competente de Jorge Helder, as baterias de Jorginho Saavedra e Edu Ribeiro, e as percussões de Laércio Chiamarelli e Osvaldo Reis. Sylvinho Mazzucca toca baixo na última faixa.

A produção executiva do registro é de Livia Mannini, que também produz com competência e criatividade a programação musical do Bar do Alemão, do Gudin, em meio à vida noturna da capital paulista bastante prejudicada nos últimos tempos pela crise e pelo empobrecimento cultural.

Nota: Após a publicação desse texto, recebemos a informação de que, após 50 anos, o Bar do Alemão, citado no artigo acima, será fechado no dia 14 de novembro próximo. De acordo com o seu proprietário, Eduardo Gudin, o motivo é a mudança de consumo da vida noturna: “As pessoas dormem cedo. Também gastam menos. Antes, a principal atração começava meia-noite e meia e aí, tinha uma outra que seguia até 4 e meia da madrugada. Hoje, a principal atração começa às 22h30 e acaba à 1h30. As pessoas gastam bem menos e as despesas triplicaram.”

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