Baixos salários, falta de valorização e estímulo da carreira, indisciplina dos alunos e falta de reconhecimento da sociedade estão entre os principais motivos
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Arquivo/Agência Brasil
Apesar do quadro desfavorável, a pesquisa revela que 53,6% dos entrevistados estão satisfeitos com a profissão
São Paulo – Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Semesp mostra que oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Entre as principais razões estão o baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos.
Inédito, o levantamento Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil é um espelho de grande parte da categoria a partir de entrevistas com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país. Do total de participantes, 68,7% trabalham na educação básica há mais de 10 anos. A sondagem é um recorte do 14º Mapa do Ensino Superior no Brasil editado pelo instituto mantido pelo sindicato das universidades privadas.
Segundo os dados, 79,4% dos professores já pensaram em desistir da carreira. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.
Em geral, os professores participantes apontaram a falta:
- valorização e estímulo da carreira (74,8%), disciplina e interesse dos alunos (62,8%);
- apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%);
- envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).
O questionário incluiu questão sobre o valor médio da hora-aula. Metade deles professores (50,3%) recebe entre R$20,00 e R$50,00. Confira:
Mais da metade (55,1%) concluíram a graduação em uma instituição pública, enquanto que 29,6% em universidade particular, e outros 14% na rede privada, com benefício de bolsa de estudo. Há 1% de docentes ainda em fase de graduação.
Violência e agressão
Também chamou atenção na pesquisa que mais da metade (52,3%) afirmem ter sofrido algum tipo de violência no desempenho de sua atividade. As mais relatadas são:
- agressão verbal (46,2%);
- intimidação (23,1%);
- assédio moral (17,1%).
Os entrevistados citaram também racismo e injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte. E que alunos (44,3%), alunos e responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%) praticam essas formas de violência.
Em meio a um quadro tão desfavorável, porém, a pesquisa revela que 53,6% dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a profissão.
Razões para seguir em frente:
- interesse em ensinar e compartilhar conhecimento (59,7%);
- satisfação de ver o progresso dos alunos (35,4%);
- a própria vocação (30,9%).
Segundo o Censo Escolar 2023 do Ministério da Educaçao, o Brasil tem 2,35 milhões de professores ativos na educação básica.
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Redação: Cida de Oliveira