Contee destaca importância da iniciativa e enfatiza necessidade de atenção aos pequenos municípios, onde as desigualdades educacionais ainda são profundas
O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta terça-feira (22), durante webinário, o investimento de R$ 16 milhões para a ampliação do programa Cantinho da Leitura em escolas de educação infantil em todo o Brasil. A iniciativa integra o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e faz parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), que tem como objetivo garantir a alfabetização de todas as crianças até o final do 2º ano do ensino fundamental.
Segundo a secretária de Educação Básica do MEC, Kátia Schweickardt, a criação de espaços adequados para o contato direto com os livros é essencial para a formação leitora desde os primeiros anos escolares. “Queremos implementar esse cantinho nas salas de aula da educação infantil em todo o Brasil, para que as crianças tenham contato com os livros, possam folhear, escutar histórias e compartilhar suas próprias histórias de vida”, afirmou.
Cada sala de pré-escola contemplada pelo programa receberá um aporte de R$ 1.235, sendo 30% do recurso destinado à aquisição de itens permanentes e 70% para despesas de custeio. A seleção das instituições ocorrerá entre os dias 28 de abril e 9 de maio, e o plano de ação deverá ser submetido no período de 12 a 30 de maio, por meio do sistema PDDE Interativo.
A medida soma-se a outros esforços do MEC nos últimos anos: mais de R$ 170 milhões já foram investidos na instalação de 49 mil Cantinhos de Leitura em turmas do 1º e 2º anos do ensino fundamental. A ação está diretamente vinculada ao Programa de Formação Continuada Leitura e Escrita na Educação Infantil (Pro-LEEI), instituído pela Portaria nº 85/2025, que promove práticas pedagógicas focadas no desenvolvimento da linguagem oral, leitura e escrita.
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), a medida representa um avanço importante, mas destaca a necessidade de que os recursos cheguem de forma justa a todas as regiões, especialmente aos pequenos municípios, onde as desigualdades educacionais ainda são profundas.
“A Contee considera fundamental o investimento em políticas públicas que fortaleçam a leitura desde a infância. Os Cantinhos de Leitura são mais que espaços físicos: são portais para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo das crianças. No entanto, é imprescindível que esse investimento seja efetivamente garantido em municípios pequenos e comunidades mais vulneráveis, onde muitas vezes faltam recursos básicos”, defendeu a entidade.
A Confederação também ressaltou a importância de que a política seja acompanhada por formação continuada de professores, infraestrutura adequada e participação da comunidade escolar no processo, garantindo que o direito à leitura seja universal e transformador.
Meta esperada
O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada estabelece como meta que 100% das crianças estejam alfabetizadas até o final do 2º ano do ensino fundamental, conforme previsto na Meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE). A iniciativa também busca recompor as aprendizagens das crianças do 3º ao 5º ano, fortemente impactadas pela pandemia.
Para a Contee, o anúncio representa um passo significativo, mas ressalta a relevância de assegurar transparência, equidade na distribuição dos recursos e valorização dos profissionais da educação. “A alfabetização é um direito humano básico, e o livro é a porta de entrada. Nenhuma criança pode ficar desassistida”, conclui a entidade.
Com informações do MEC
Por Romênia Mariani