Educação vira a principal moeda de troca para a reforma da Previdência

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Por Patricia Faermann, publicado em Jornal GGN – 

O desmonte da educação é estratégico e tem um fim: pressionar parlamentares de todas as posições a aprovarem reforma da Previdência

Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub – Foto: Marcos Corrêa/PR

Jornal GGN – “Não houve corte, não há corte. Vou repetir: não há corte, há contingenciamento”, disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, nesta terça-feira (07), sobre o congelamento das transferências de recursos da União às universidades e instituições de ensino superior.

A fala foi feita durante uma audiência na Comissão de Educação no Senado. Weintraub, que é um autodeclarado defensor da reforma da Previdência, usou o espaço junto aos parlamentares para negociar as remessas às Universidades, que podem ocasionar a quebra das instituições de ensino brasileiras, com a aprovação da reforma.

Isso porque o ministro da Educação aproveitou para dizer que se entrar recursos para a União com a reforma da Previdência, e segundo ele a melhora da economia do país no segundo semestre, o envio dos recursos serão retomados.




“Se a economia tiver um crescimento – e nem é ‘recuperar’ porque estamos em um marasmo a perder de vista – mas se tivermos crescimento econômico com a aprovação da nova previdência, é só o que falta”, disse Abraham Weintraub, em um jogo de pressão entre a reforma da Previdência e a sobrevivência das universidades pelos recursos federais.

Conforme o GGN mostrou na reportagem “O loteamento de cargos do governo Bolsonaro“, o custo político da Reforma da Previdência já havia sido calculado por Jair Bolsonaro desde a equipe de transição, em novembro de 2018. Prioridade desenhada no primeiro dia de transição, a mudança na aposentadoria dos brasileiros contou como um dos responsáveis por esse estudo nada menos do que o economista Weintraub.

Presente na equipe de Jair Bolsonaro desde que o hoje presidente começou a construir sua candidatura ao posto maior da República, em 2016, o economista carrega a linha de Paulo Guedes, mas se dedicava, principalmente, às propostas para a Previdência Social, que sairiam do papel meses depois da transição e que precisa, na atualidade, de substancial apoio dentro do Congresso para a aprovação.

Passada a fase de desenho da reforma, no início do ano, o hoje ministro da Educação foi realocado para ser o número 2 da Casa Civil, auxiliando Onyx Lorenzoni na coleta de apoio parlamentar e nomeações, como moedas de trocas para a aprovação da matéria. Assim que a crise dentro do MEC explodiu, Abraham, o então assessor de Onyx nas articulações para angariar apoio no Congresso e o ex-analista da reforma em si durante a transição, foi remanejado ao Ministério da Educação.

Ali, não somente ele conseguiria ter algum controle sobre cargos, como também, é possível notar após um mês desde que está no Ministério, que a pasta carregaria outra maneira de pressionar os congressistas a hoje ceder na reforma da Previdência: a liberação do financiamento de universidades públicas.

Porque seria preciso um ministro favorável ao “contigenciamento” de Jair Bolsonaro na Educação, para que, após o problema recém criado do bloqueio de recursos, fosse apresentada a reforma, hoje, como a única solução.

E a pressão não terminou: se os cortes -ou contigenciamento- já afetavam as principais universidades federais do país, conforme informaram as reitorias de todas elas, um total de R$ 7,4 bilhões serão retirados em todas suas etapas, seja do ensino superior à educação básica.

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