Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem blogado
“Gritou, então, num sussuro, para alguma imagem, alguma visão. Gritou duas vezes, um grito que não era mais que um sopro: ‘O horror, o horror!’” (Joseph Conrad, “Coração das Trevas”).
Ele é a nuvem de gafanhotos que cobriu todo o país. A fumaça, o fogo, a destruição, a morte se configuram no seu rastro.
Ele nunca mentiu a respeito de suas intenções. Sempre falou e fala em matar, em morte. Seu símbolo se materializa com as mãos em formato de armas, sempre atirando.
Ele atira na Educação, na Saúde, nos direitos do trabalhador do campo e da cidade, no pobre. Só não atira na chamuscada imagem de corrupção, dos seus e dele.
No mar, o óleo se propaga nas manchas de azul; no céu, nuvens de fumaça são constantes e na terra, o fogo, a destruição, o garimpo, as mineradoras destruindo tudo em nome do vil metal.
A Amazônia queima; as belezas do Pantanal são incineradas com suas plantas e animais; o cerrado e os pampas estão em completa destruição; em Minas, barragens soterram de lama a população; no Nordeste, o abandono é total.
Ele é o exterminador do presente, incinerando o futuro, jogando fumaça sobre o passado torturador.
Ele é chamado por muitos de inominável. Ele é o horror, o horror.